Dois desenvolvedores pernambucanos e um paraibano criaram um dos melhores aplicativos do mundo, que agora concorre no Play Users’ Choice Awards 2021 numa disputa global
Por Patrícia Raposo
Um aplicativo brasileiro, criado por nordestinos, concorre ao título de “App do ano”. O Moises, desenvolvido por dois pernambucanos e um paraibano, foi selecionado pelo Google como um dos 10 melhores apps da atualidade.
Caso seja o escolhido no Play Users’ Choice Awards 2021 como número o Nº1, o app ficará na capa do Google Play por meses, o que vai lhe agregar um tráfego extraordinário, ampliando a presença global do Moises, que hoje já está rodando em mais de 210 países. Mas, só com a indicação, o número de acessos deu um salto.
O aplicativo também se destaca por ser o único 100% brasileiro a concorrer à indicação do Google. Hoje, um time de 45 brasileiros cuida de sua funcionalidade a partir do Brasil, apesar de ter sido idealizado nos Estados Unidos, onde mora o CEO, Geraldo Ramos.
O profeta Moisés, que promoveu a abertura do Mar Vermelho para ajudar o povo judeu a fugir do exército do faraó, inspirou o nome do app, em razão justamente da sua principal funcionalidade, que é separar as faixas das músicas.
Com uso de inteligência artificial, o Moises separa bateria, baixo, vocais e piano, de modo que se obtenha canais individuais isolados. O serviço é um grande aliado de entusiastas da música, sendo acessível a estudantes, músicos amadores e profissionais, DJ e até mesmo a criadores de conteúdo para redes sociais. O Moises caiu no gosto até de corais de igrejas.
A divisão da música em “tracks” ou trilhas permite, por exemplo, que um cantor possa remover uma faixa de voz e criar um playback, realizando ajustes na tonalidade e no tempo da canção. Possibilita ainda que se tire a bateria da música para que um baterista possa treinar seu equipamento na melodia.
O negócio, que atualmente conta com mais de sete milhões de usuários cadastrados, e caiu no gosto de músicos famosos, como Josh Devine, baterista do One Direction, e Eloy Casagrande, da banda Sepultura, foi criado pelo pernambucano Geraldo com o auxílio do também recifense Eddie Hsu e do paraibano Jardson Almeida.
Este ano, o app recebeu um aporte de US$ 1,6 milhão dos fundos Index Ventures/Scout, Valutia Capital e Montenegro Investimentos. Com os recursos, o Moises, que tem parceria fixa com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), onde mantém um laboratório para desenvolvimento de produtos, quer criar novas funcionalidades, como por exemplo, gerar letras musicais através de inteligência artificial.
“Também queremos investir na nossa estratégia de crescimento para aquisição de novos usuários e nos preparar para a segunda rodada de investimentos, prevista para o segundo semestre de 2022”, explica Geraldo Ramos.
O CEO conta que foi surpreendido com a notícia da seleção pelo Google. “Por algum motivo, não fomos notificados e eu soube por um amigo”, relata. O resultado da competição será divulgado no dia 29 deste mês.
“Ter seu produto notado pelo Google é um desafio para os desenvolvedores e receber essa indicação foi uma honra para todos do time”, diz Geraldo Ramos, que já se sente vitorioso só com a indicação.
O aplicativo de música está disponível para download nos dispositivos iOS e Android nas versões gratuita, limitada a cinco músicas de até cinco minutos cada, e Premium, com uma assinatura mensal de R$ 16,90. Atualmente, a empresa possui dois escritórios, um nos Estados Unidos e outro no Brasil.