O País das desigualdades também é desigual com relação aos processos de inovação, como mostra o Índice da Federação das Indústrias do Ceará (FIEC) de Inovação dos Estados em 2024. Entre as unidades da federação que ocupam os dez primeiros lugares no índice, somente um é nordestino: o Ceará que está no oitavo lugar no ranking nacional. O primeiro, segundo e terceiro lugares são ocupados, respectivamente, por São Paulo Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Entre os Estados nordestinos, o segundo lugar no índice FIEC de Inovação está o Rio Grande do Norte (11º colocado no ranking nacional), a Bahia no terceiro lugar regional e 12º no nacional e Pernambuco em quarto lugar (também no regional) e 13º lugar no ranking nacional.
“A inovação é um processo custoso, demorado e muito incerto. É uma dificuldade nacional. As discrepâncias de desigualdade sócioeconômicas entre as regiões acontecem também na inovação. As regiões que têm menor grau de desenvolvimento socioeconômico terão maior dificuldade do que as desenvolvidas “, explica a especialista em inteligência competitiva no Observatório da Indústria do Ceará, Eduarda Mendonça. O Observatório faz parte do sistema FIEC.
Segundo Eduarda, o objetivo do estudo é fomentar e subsidiar políticas públicas, mostrando que as mesmas precisam ter um caráter regional, porque as regiões são diferentes e há uma desigualdade estrutural que precisa ser mitigada.
O levantamento dá notas aos Estados avaliando basicamente duas dimensões: a das capacidades, que avalia os recursos e estruturas necessárias para fomentar a inovação; e a dos resultados que refletem os impactos diretos desses esforços, indicando as conquistas obtidas por cada estado e as dificuldades. Cada dimensão responde por 50% da nota. Ainda nas duas dimensões, são contabilizados 12 indicadores, como investimentos, formação de capital humano, entre outros.
A boa colocação do Ceará no FIEC Inovação
Primeiro lugar no ranking do Nordeste, o Ceará se destacou na intensidade tecnológica e criativa, na qual obteve o quarto lugar no ranking nacional. Isso mensura o mercado de trabalho relacionado ao setor tecnológico – com destaque para engenheiros e atividades de P&D – e os setores criativos. Ambos são relevantes na inovação.
Outro destaque do Ceará, segundo Eduarda Mendonça, foi a sustentabilidade ambiental, que inclui a capacidade de produção de energia renovável daquele estado (eólica, solar, biomassa), a participação das empresas que apresentam alguma certificação na área de meio ambiente. “O Ceará ficou no 5º lugar nacional na sustentabilidade ambiental, mostrando um protagonismo que não é só regional, mas nacional”, comenta Eduarda.
No segundo lugar no FIEC de Inovação entre os nordestinos, o Rio Grande do Norte ficou no sexto lugar em sustentabilidade ambiental no ranking nacional com uma capacidade alta de gerar energia renovável. O estudo também mostra que a produção científica de impacto está em alta no Rio Grande do Norte que ficou em 8º lugar no ranking nacional. Aquele Estado também se destacou em capital humano na área de graduação e pós-graduação, especialmente no âmbito das engenharias e matemática, ocupando o 10º lugar também no ranking nacional.
A Bahia ocupou o terceiro lugar no ranking regional e o que puxou a sua nota pra baixo foram: não ter uma boa colocação em competitividade global, baixa integração internacional, deficiências na infraestrutura – que avaliou desde a conectividade à infraestrutura física – e pouca infraestrutura de cooperação na área de inovação, como os parques tecnológicos. “Isso pode estar dificultando”, comenta Eduarda.
Inovação em Pernambuco
Este ano, Pernambuco se posicionou em 13º no ranking nacional do Índice FIEC de
Inovação dos Estados e em 4º lugar dentre os Estados da região Nordeste do Brasil.
Nos últimos cinco anos, o Estado foi piorando o desempenho, saindo da 11ª posição no ranking nacional em 2020, ocupando a 12ª em 2021, 2022 e 2023, indo para 13ª em 2024. Segundo a especialista, Pernambuco ficou na 12ª posição na colocação nacional na dimensão de Capacidades e na 13ª na dimensão Resultados. “Esses números indicam que Pernambuco possui resultados menores do que seu ambiente inovador possibilita, havendo assim
oportunidades para expansão e desenvolvimento”, comenta Eduarda.
Os indicadores que se destacaram em Pernambuco foram capital Humano com pós-graduação
(8ª posição); inserção de mestres e doutores (também na 8ª posição nacional) e Instituições (na 9ª colocação). As piores colocações do Estado ficaram com empreendedorismo (22ª posição), competitividade global (21ª) e capital humano com relação à graduação (20ª colocada). Outro aspecto negativo: o investimento e financiamento em Ciência & Tecnologia (17º) caiu nove posições em comparação com 2020.
Detalhes sobre o estudo de inovação
Na sua sexta edição, o índice Fiec dá uma nota para cada uma das 27 unidades federativas do País, além do Distrito Federal. Ele é calculado com base em duas dimensões: capacidades e resultados, incluindo 12 indicadores, como investimento e financiamento público em ciência e tecnologia; capital humano, infraestrutura, produção científica e empreendedorismo. As notas mensuram, de forma quantitativa, o desempenho relativo dos Estados, identificando seus pontos fortes e fracos em termos de inovação e temas correlacionados.
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