Cada vez mais presente em Alagoas, a soja tem se tornado uma opção para usinas realizarem a rotação da cultura da cana-de-açúcar nos períodos de entressafra. A Usina Caeté, do Grupo Carlos Lyra, localizada no município de São Miguel dos Campos, vai para a sua quarta safra do grão com expectativa de crescimento da colheita de soja.
O projeto de implantar a soja na entressafra da cana teve início em 2021, com um projeto piloto numa área de 250 hectares. Hoje a área supera os 3 mil hectares e a soja colhida já abastece o mercado local e é vendida para outros estados vizinhos.
De acordo com o gestor de Planejamento Agrícola da Usina Caeté, Vinícius Gomes, o objetivo do grupo foi realizar uma reforma na lavoura canavieira e aumentar a produtividade do solo. A usina entrega toda a área corrigida e dessecada, sendo utilizado calcário e gesso fosfatado. “O cultivo da leguminosa é iniciado em abril, com a possibilidade de realizar a colheita já a partir do mês de agosto”, explicou.
A técnica de promover a rotação da área plantada com cultivares como a soja tem trazido diversos benefícios, como a conservação do solo, pela redução do impacto da gota de chuva, favorecido pela cobertura vegetal da leguminosa, além da fixação biológica de nitrogênio, pela associação simbiótica entre os rizóbios e a soja. A leguminosa também tem diminuído a quebra do ciclo de pragas e patógenos e a infestação de plantas daninhas.
Outro benefício tem sido o incremento da renda da indústria, que vem reduzindo os custos com a formação do canavial, além do fortalecimento do agronegócio, gerando emprego e renda. O superintendente agroindustrial, Mário Sérgio Matias, afirmou que a meta é atingir uma área de 3.000 ha entre a Usina Caeté, Matriz, e a Unidade Marituba, situada em Igreja Nova, no Baixo São Francisco.
Soja alagoana abastece mercado local
Alexandre Dalla Vechia, um dos produtores de soja nas terras da Usina Caeté contou que está na sua quarta safra de soja e este ano a área plantada chegará a 1.800 hectares.
Na última safra, foram colhidas 85 mil sacas de soja, que abasteceram o mercado interno em Alagoas, além de ser vendido nos estados de Sergipe, Pernambuco e Paraíba. “Nós chegamos a ter um problema entre os meses de julho e agosto por conta da seca e isso afetou nossa produção, com uma quebra de mais de 30 mil sacas”, explicou.
A previsão para colheita na próxima safra, segundo Dalla Vechia, está em torno de 110 mil sacas de soja. Além de Alagoas, o produtor gaúcho também produz soja em uma fazenda, no município de Correntina, no Oeste baiano.
“Hoje nossa comercialização é toda no mercado interno. Alagoas produz em torno de 18% a 20% de todo a soja que consome, o que demonstra que ainda temos muitos desafios a serem vencidos para atingirmos uma alta produtividade, como conseguir plantar variedades mais adaptadas ao clima local”, afirmou.
Segundo dados da Companhia Nacional do Desenvolvimento (Conab), o Brasil possui até novembro deste ano 47.356,5 mil hectares de área plantada com soja, o que resultou na produção de 166.143,4 mil toneladas do grão. Na safra 22/23, Alagoas teve uma produção de 19,1 mil toneladas de soja.
Em boletim divulgado no mês de novembro, a Conab destaca que em Alagoas, a cultura da soja chegou na fase final em boas condições, visto que ao longo do ciclo da cultura, os volumes de chuvas foram satisfatórios desde o período de plantio até o enchimento dos grãos. A cultura não foi afetada com ocorrências de pragas e fatores climáticos negativos, além dos produtores terem realizado o manejo no período adequado.
Leia Mais: Cooperativa quer expandir produção de própolis vermelha no litoral de AL