O CEO da Stellantis, Carlos Tavares, renunciou ao cargo no último domingo (1º), em um movimento inesperado que ampliou as preocupações em torno da montadora. A saída ocorre em meio a uma queda global nas vendas de veículos da Stellantis, em um cenário de desafios para a indústria automotiva.
A renúncia de Tavares provocou forte reação no mercado financeiro. Na bolsa de Nova York, os papéis da Stellantis encerraram o pregão de segunda-feira (2) com desvalorização de 8,3%. Na Europa, os impactos também foram sentidos nas bolsas de Paris e Milão, onde as ações da montadora registraram quedas acima de 6%.
A Stellantis enfrenta um período de retração em suas vendas globais. Nos primeiros nove meses de 2024, a empresa reportou queda de 5% nas vendas mundiais em comparação ao mesmo período do ano anterior, com o mercado europeu respondendo por uma redução de 8% no volume comercializado. As dificuldades são atribuídas ao aumento nos custos de produção, ao impacto contínuo das mudanças na cadeia de suprimentos e à maior concorrência no segmento de veículos elétricos.
Carlos Tavares, que liderou a Stellantis desde sua formação em 2021, foi um dos responsáveis por consolidar a fusão entre o Grupo PSA e a Fiat Chrysler Automobiles. Sob sua gestão, a montadora implementou iniciativas para fortalecer sua transição para veículos elétricos, além de otimizar operações em diferentes mercados. Contudo, a renúncia, atribuída a razões pessoais, surpreendeu analistas e investidores.
Carlos Tavares tinha mandato como CEO da Stellantis até o início de 2026. O processo para selecionar um novo CEO estava inicialmente previsto para ser concluído no último trimestre de 2025.
Com a saída, Richard Palmer, atual COO, assumirá interinamente o comando, enquanto o conselho de administração trabalha na seleção de um novo líder para conduzir a empresa em um momento de incerteza.
Estratégias da Stellantis para o futuro
Apesar do desempenho abaixo do esperado, a Stellantis ainda se mantém como uma das líderes do mercado na América Latina, especialmente no Brasil, onde continua sendo a montadora com maior participação de mercado, respondendo por cerca de 28% das vendas de veículos leves em 2024, segundo a Fenabrave.
Para enfrentar os desafios, a Stellantis aposta no fortalecimento de sua linha de veículos elétricos, com previsão de lançar 11 novos modelos até 2025. Além disso, a empresa tem buscado expandir parcerias estratégicas, especialmente nos mercados asiáticos e norte-americanos.
Criada em 2021, a Stellantis é o quarto maior grupo automotivo do mundo em volume de vendas. O conglomerado reúne 14 marcas, como Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën, com operações amplamente distribuídas na Europa, América do Norte e América Latina.
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