Um acordo celebrado no Rio Grande do Norte se propõe a estender a todo o estado práticas que já vêm sendo adotadas no município de Apodi, no oeste potiguar, para melhorar a eficiência produtiva e a convivência de produtores agrícolas com as mudanças climáticas. A expectativa é de que o projeto também dê origem a experiências que serão apresentadas, em novembro do ano que vem, na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que ocorrerá em Belém, no Pará.
A parceria foi assinada pelo Governo do Rio Grande do Norte e pela IDH Brasil, uma fundação global, sediada na Holanda, com experiência na implementação de estratégias de desenvolvimento territorial. A entidade reúne agentes públicos e privados para tornar os mercados agrícolas globais mais sustentáveis e inclusivos em busca de alcançar resultados com impactos positivos para a sociedade em geral. Por meio do Programa Raízes da Caatinga, a instituição já atua nos sertões do Pajeú e do Cariri apoiando produtores agrícolas na transição para um modelo de desenvolvimento econômico mais sustentável e inclusivo.
A ação é centrada no município de Apodi desde dezembro de 2023 e já atendeu cerca de 200 agricultores da região Oeste do estado com consultorias técnicas e orientações para a inserção em políticas públicas que apoiem a sustentabilidade e a convivência com a seca. Agora, segundo o Governo do Rio Grande do Norte, todo o estado passará a ser contemplado com as iniciativas, que envolverão também a sociedade civil em torno de compromissos de longo prazo e agendas prioritárias.
RN: Ano foi bom para o agro, mas chuvas abaixo da média preocupam
O acordo prevê a construção de um plano estadual para a eficiência produtiva, a proteção e a restauração ambiental em um estado que vivenciou um período de alívio no fim de 2023 e no início de 2024, com chuvas acima da média. Em março deste ano, por exemplo, conforme levantamento do Monitor de Secas, da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), apenas oito dos 167 municípios potiguares estavam inseridos na zona de seca, e na categoria baixa.
Agora em novembro, contudo, grande parte do Nordeste tem previsão de chuvas abaixo da média e de dias de calor em excesso, com temperaturas médias acima de 28ºC. O alerta é do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que aponta possibilidades de plantio difícil de algumas culturas. O Rio Grande do Norte vem de um ano de resultados positivos na agricultura, com um crescimento de 16,6% na safra de cereais só entre janeiro e maio, reflexo do clima ameno e das chuvas em volume favorável.
Ideia é apresentar experiências na COP 30 no Brasil, em 2025
Em meio a tantas idas e vindas do clima, a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, que participou da assinatura do acordo esta semana, defende que a implantação de uma agenda sustentável, focada nas cadeias produtivas da agricultura familiar e do agronegócio, é fundamental para viabilizar maior eficiência, previsão de riscos e inclusão socioeconômica.
“Tenho a esperança de que, com a criação do Fundo de Financiamento da Caatinga, a conclusão da transposição do Rio São Francisco e a realização de parcerias como esta que une a agricultura familiar ao agronegócio, possamos trilhar um caminho seguro para o nosso desenvolvimento social e econômico”, avaliou.
O secretário do Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar do Rio Grande do Norte, Alexandre Lima, explicou que o plano será baseado na estratégia de Produzir, Proteger e Incluir (PPI) e buscará ser uma vitrine das medidas ambientais adotadas em território brasileiro. “Serão construídas propostas que serão levadas à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30) em Belém. Esse acordo trará um grande impacto para o setor produtivo do Rio Grande do Norte envolvendo o setor produtivo com a regularização do setor produtivo”, celebrou.
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