O comércio e a indústria estão com expectativas positivas para o emprego em Pernambuco. O economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE), Rafael Lima, afirmou que está havendo uma recuperação da ocupação em nível estadual e nacional com base nos números divulgados nesta semana da PNAD Contínua, do IBGE, e do Caged.
A taxa de desocupação registrada na PNAD contínua para o Brasil ficou em 6,4% no trimestre que se encerrou em setembro último, só perdendo para a registrada no trimestre que acabou em dezembro de 2013 (6,3%) . As atividades que mais puxaram a alta do emprego foram a indústria e o comércio, respectivamente com 3,2% e de 1,5% a mais de empregados.
Estes dois setores são muito importantes para a economia do País e o aumento da ocupação gera mais renda, impactando a economia como um todo. Os serviços são responsáveis por cerca de 70% e 75% do Produto Interno Bruto (PIB), respectivamente, do Brasil e de Pernambuco, sendo um grande empregador. O aumento do emprego na indústria também traz reflexos positivos, porque é uma ocupação mais qualificada e, geralmente, apresenta uma renda mais alta.
“É uma expectativa de um melhor fim de ano. Geralmente, há um aumento da empregabilidade com o emprego temporário mais próximo nos dois últimos meses do ano”, explicou Rafael, argumentando que os dados positivos do último trimestre e do Caged de setembro sinalizam que a recuperação do emprego está ocorrendo de forma mais sustentável por causa do aquecimento da economia como um todo.
A taxa de desocupação da PNAD Contínua ficou em 7,9% e 6,9%, respectivamente, nos trimestres que se encerraram em março e junho últimos. Rafael argumenta que o saldo do emprego formal registrado pelo Caged também é um indicador da melhoria do emprego. O Caged registrou um saldo de 247,81 mil empregos formais em setembro último no Brasil. Deste total, Pernambuco ficou com um saldo de 17.851 empregos, liderando a geração de postos de trabalho formal no Nordeste e ocupou a terceira posição como gerador de empregos do Brasil, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.
O Caged registra apenas o saldo dos empregos com carteira assinada. Historicamente, Pernambuco registra uma alta do emprego formal em setembro e outubro por causa dos primeiros meses do início da safra da cana-de-açúcar.
Segundo Rafael, a recuperação do emprego em Pernambuco começou a ocorrer a partir de maio, quando o saldo dos empregos formais passou a ficar positivo. Ele atribui a melhoria da ocupação aos fundamentos macroeconômicos da economia que estão melhorando e acredita que o emprego vai ficar estável em 2025, embora argumente que esta previsão pode ser impactada por “externalidades que estão fora do campo mais técnico/econômico, como a inflação dos Estados Unidos, taxas de juros no exterior, guerras, entre outros fatores que influenciam a indústria e o varejo”.
O aumento da ocupação provoca o crescimento do consumo que pode levar a uma alta da inflação. E, geralmente, no Brasil, muitos economistas defendem o aumento dos juros para conter a inflação. “Os juros aumentarem para conter a inflação é uma lógica que faz sentido, mas há outras maneiras mais sustentáveis de conter a inflação, como por exemplo, a redução dos gastos do governo”, comenta Rafael. O setor produtivo é prejudicado com a alta dos juros, porque aumenta o custo da produção.
Perspectiva otimista da indústria em PE
O presidente em exercício da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco, Massimo Cadorim, disse que a sociedade produtiva começa a ver que há um ambiente de negócios mais positivo, quando ocorrem um conjunto de ações que melhoram este cenário, o que está “ocorrendo em Pernambuco”. Ele citou os empreendimentos que foram anunciados pelo governo do Estado como os programas de recuperação de rodovias, investimentos em portos, entre outros.
“Ficamos orgulhosos de ver Pernambuco ser o Estado que mais gera postos de trabalho no Nordeste”, disse Massimo, se referindo aos números do Caged. Ele diz também que os setores que mais geraram emprego no saldo do Caged estadual foram a construção civil “que teve uma participação robusta” e o setor de coque e derivados de petróleo.
Massimo argumentou que o crescimento do emprego na construção civil beneficia toda uma cadeia industrial de fornecimento de bens que inclui setores como a siderurgia, cimenteiro, gesso, entre outros.
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