O prefeito e candidato à reeleição, João Campos (PSB), no centro das críticas dos adversários e sendo colocado contra a parede pela candidata da Federação PSOL-Rede, Dani Portela, sobre a ausência da imagem do presidente Lula da sua campanha. E o gestor e a própria Dani buscando polarizar com Gilson Machado (PL). O debate promovido pela Rede Globo na noite desta quinta-feira (3), o último entre os candidatos a prefeito do Recife antes da eleição de domingo (6), mostrou os postulantes mais assertivos nas perguntas e respostas do que o encontro anterior, da TV Jornal, mas sempre em torno dos mesmos temas.
Foram convidados os candidatos de partidos com representação no Congresso Nacional de, no mínimo, cinco parlamentares. Participaram os candidatos Dani Portela (PSOL), Daniel Coelho (PSD), Gilson Machado (PL) e João Campos (PSB).
O embate começou com Dani Portela cobrando do prefeito João Campos a presença do presidente Lula em sua campanha e qual a posição política do gestor. O socialista disse ser um político progressista de centro-esquerda. “Tenho a tarefa de unir a cidade, sentar numa mesa de convergência. Desejo de juntar as pessoas. Fico feliz pelo resultado bonito das pessoas nas ruas”, acrescentou João Campos, sem, no entanto, responder por que a imagem do presidente Lula não é utilizada na sua campanha.
Caso das creches na pauta do debate
Disputando a reeleição e tendo que defender a sua gestão, João Campos foi muito questionado durante as duas horas de confronto. Logo na segunda pergunta do programa, Gilson Machado trouxe o tema que vem levantando durante a campanha, as denúncias de irregularidades nas creches do Recife. E fez uma dobradinha com Daniel Coelho (PSD) sobre o assunto. Daniel teve um bom desempenho no encontro.
Num dos pontos mais tensos do debate, Daniel citou os nomes de Jaciara, Francisco e Oséas. E questionou se João Campos os conhecia. O gestor disse não saber quem são as pessoas. O candidato do PSD, então, disse que os três comandam creches que receberam R$ 3 milhões e R$ 4 milhões e acrescentou que Jaciara era condenada por estelionato, Francisco integrava a comissão que define as creches e tem participação em nove delas e que Oséas é candidato a vereador na coligação do socialista.
Sempre que era questionado, o prefeito dizia que os adversários só estavam querendo agredir e não debater propostas. E repetiu a tática na questão das creches. Disse que os equipamentos estão funcionando, “têm qualidade, cinco alimentações por dia e farda”.
Mas o principal confronto de debate ocorreu entre João Campos e Gilson Machado. Em três das quatro rodadas eles se enfrentaram. Duas vezes as perguntas partiram do prefeito e a outra do candidato do PL. Ao questionar o adversário sobre as suas propostas para o Rio Tejipió e falando das intervenções da Prefeitura do Recife no local, Gilson devolveu.
“Primeiro, não fez mais do que a sua obrigação. Porque não falou da drenagem do Canal de Setúbal. Vamos lutar para o Recife sair desse absurdo que são os alagamentos. A ponte que vocês fizeram (do Monteiro) está sendo feita desde 2012. Um hotel e um centro de convenções foram construídos e tu não conseguisse terminar uma ponte. É muita propaganda e pouca entrega”, colocou o candidato do PL.
As frases de efeito de Gilson no debate
Gilson, por sinal, usou todo o seu repertório de frases de efeito no encontro. “Tu vai ser demitido pelo povo. Tu é mitômano”; “faz um corrimão e diz que tá inaugurando uma obra (sobre a entrega de três obras por dia). Vá trabalhar, João Campos”; “Recife tem péssimo ambiente de negócio. É um fracassado governo”; “falo mal da sua gestão é que é uma tragédia. Fala em 2 mil bolsas e é pouco. Não fez mais do que a sua obrigação”. Essas foram algumas das frases disparadas por Gilson, durante o encontro.
Um outro embate, mas desta vez no campo político, foi travado entre Dani Portela, que buscou nacionalizar o discurso por todo debate, e Gilson. Nas duas vezes que se enfrentaram, Dani Portela não economizou nas críticas à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, como a questão da pandemia da covid. Ao rebater, o candidato do PL afirmou que o companheiro do partido foi “o melhor presidente brasileiro de todos os tempos”.
Ao encerrar a sua participação no debate, Dani Portela ligou a sua fala à primeira pergunta do programa, quando questionou o posicionamento do prefeito João Campos.
“A esquerda do Recife tem candidata, com as bandeiras que não serão abaixadas para conseguir os votos de direita. A esquerda precisa voltar a comandar o Recife, como foram as gestões do PT. No próximo domingo, a gente tem uma opção. Coloque a estrela no peito e a flor na cabeça”, destacou a candidata do PSOL.
Depois dos ataques, onde conseguiu se esquivar sem maiores dificuldades e demonstrando confiança, João Campos encerrou a sua participação pedindo o voto dos indecisos.
“Tive a maior missão da minha vida, de governar a nossa cidade. Faço isso todos os dias, com proximidade e com presença. Estou animado, disposto, preparado, pronto para fazer muito mais. Queria pedir o voto a você que está indeciso, que você possa dar essa confiança a quem sabe trabalhar e tem o trabalho aprovado. A gente vai fazer muito mais. Vota animado, vota com gosto, que a gente vai fazer muito mais pelo Recife”, finalizou João Campos.
Veja também:
Debate do Recife tem confrontos, mas temas repetem guia eleitoral