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Copom eleva Selic para 10,75% ao ano: 1º aumento de juros do 3º governo Lula

Decisão unânime dos nove integrantes do Comitê de Política Monetária do Banco Central aumentou em 0,25 ponto percentual a taxa de juros no Brasil, resultado que já era esperado pelo mercado financeiro
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A previsão do mercado é que 2024 pode encerrar com a Selic alcançando 11,25% de taxa de juros anuais. Foto: Adobe Stock/Reprodução

O terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve na noite desta quarta-feira (18) o seu primeiro aumento de juros. Em decisão unânime, os nove integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central resolveram subir a Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, de 10,5% para 10,75% ao ano. A alteração de 0,25 ponto percentual ocorre no mesmo dia em que o Federal Reserve (FED), o Banco Central dos Estados Unidos, anunciou corte de meio ponto percentual na taxa de juros norte-americana.

A decisão do Copom era esperada pelo mercado financeiro. Pesaram na elevação da Selic a recente alta do dólar, o aumento dos gastos públicos, o impacto da seca sobre o preço de energia e alimentos e a necessidade de manter a previsão de inflação sob controle. Atualmente em 4,35%, a inflação está bem próxima do limite da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, de 4,5% (considerando o intervalo de tolerância de 1,5 ponto).

O aumento da Selic é o primeiro no país desde agosto de 2022, quando a taxa subiu de 13,25% para 13,75% ao ano. Após passar um ano nesse nível, a taxa teve seis cortes de 0,5 ponto e um corte de 0,25 ponto, entre agosto do ano passado e maio deste ano. Nas reuniões, de junho e julho, o Copom decidiu manter a taxa em 10,5% ao ano, no menor nível desde fevereiro de 2022. A previsão do mercado é que o ano de 2024 pode encerrar com a Selic alcançando 11,25%.

Inflação

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em agosto, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial, ficou negativo em 0,02%. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a queda no preço da energia puxou o índice para baixo, mas o alívio na inflação é temporário.

“O Comitê monitora com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal, junto com outros fatores, tem impactado os preços de ativos e as expectativas dos agentes. O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, divulgou o Copom em nota oficial publicada no site do Banco Central.

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As tarifas de luz subirão a partir de setembro por causa da bandeira tarifária vermelha. Além disso, a seca prolongada terá impacto no preço dos alimentos. Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu que o choque de oferta de alimentos não seja resolvido por meio de juros.

Com o resultado, o indicador acumula alta de 4,24 em 12 meses, próximo do teto da meta deste ano. Para 2024, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou meta de inflação de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não podia superar 4,5% nem ficar abaixo de 1,5% neste ano. 

No último Relatório de Inflação, divulgado no fim de junho pelo Banco Central, a autoridade monetária manteve a previsão de que o IPCA termine 2024 em 4%, mas a estimativa pode mudar por causa da alta do dólar e do impacto da seca prolongada sobre os preços. O próximo relatório será divulgado no fim de setembro.

As previsões do mercado estão mais pessimistas. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 4,35%, perto do teto da meta. Há um mês, as estimativas do mercado estavam em 4,22%.

Crédito mais caro

O aumento da taxa Selic ajuda a conter a inflação. Isso porque juros mais altos encarecem o crédito e desestimulam a produção e o consumo. Por outro lado, taxas maiores dificultam o crescimento econômico. No último Relatório de Inflação, o Banco Central aumentou para 2,3% a projeção de crescimento para a economia em 2024, mas o número deve ser revisado após o crescimento de 1,4% no Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre.

O mercado projeta crescimento bem melhor. Segundo a última edição do boletim Focus, os analistas econômicos preveem expansão de 2,96% do PIB em 2024.

A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir.

Vice-liderança em juros no mundo

Com a Selic elevada para 10,75%, o Brasil passa a ter a segunda maior taxa real de juros do mundo, descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses, com 7,33%. Em primeiro está a Rússia, com 9,05%. A Turquia, com 5,47%, figura em terceiro. O levantamento foi feito pela consultoria MoneYou, citada pela revista Carta Capital.

Leia mais: FED corta juros norte-americanos em 0,50 ponto percentual

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