A informação foi repassada pela Sicredi, em evento para comemorar o Dia Internacional do Cooperativismo de Crédito, que será celebrado nesta quinta
A terceira quinta-feira de outubro é marcada mundialmente pelo Dia Internacional das Cooperativas de Crédito, instituições que agregam em 118 países mais de 86 mil cooperativas e 375 milhões de associados.
Para marcar a data, que neste ano traz o tema “Construindo a Saúde financeira para um mundo melhor” como ponto de reflexão, a Sicredi, mais antiga associação cooperativa de crédito do Brasil e da América Latina, com 115 anos de atuação em 25 estados da federação e Distrito Federal, promoveu, nesta terça (19), seu tradicional Encontro Nacional com objetivo de difundir o segmento e expor a contribuição da instituição ao longo desse centenário de história.
“A escolha da temática desse Dia Internacional das Cooperativas de Crédito traduz o papel do nosso segmento em apoiar pessoas na realização dos seus objetivos. Em especial, em momentos mais relevantes, como na pandemia, ficou ainda mais evidente o papel do cooperativismo, pois não somos uma sociedade de capitais, mas de pessoas”, comentou em seu discurso de abertura Fernando Dall Agnese, presidente da SicrediPar e da Central Sicredi Sul/Sudeste.
De acordo com Dell Agnese, o movimento de apoio à cooperativa de crédito tem sido uma realidade no mundo. No Brasil, esse modelo já atende quase 12 milhões de pessoas em 847 cooperativas de crédito que somam cerca de 371,8 bilhões em ativos totais, segundo Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC) 2020.
“Ainda há muito espaço para levar os benefícios desse modelo de crédito para mais pessoas. Para isso, buscamos trabalhar com uma visão global, dando a devida atenção a cada uma das cidades em que estamos presentes, com cerca de duas mil agências e cinco milhões de associados. Sabemos que essa proximidade com nossos associados é fundamental para o aumento do PIB e do emprego em cada região em que atuamos”, revela.
Parte integrante do SNCC, o Sicredi conta atualmente com mais de cinco milhões de associados em 108 cooperativas de crédito. A instituição está presente em mais de 1,5 mil municípios, com mais de duas mil agências e 30 mil colaboradores. Os ativos atingiram em agosto deste ano R$ 189,1 bilhões, crescimento de 28,6% em relação ao mesmo período de 2020. A carteira de crédito alcançou R$ 117,6 bilhões, alta de 43,2%, e os depósitos totalizam R$ 128,9 bilhões, aumento de 33,1%. O patrimônio líquido é de R$ 23,4 bilhões, o que representa um aumento de 21,7%.
Mas o que difere o cooperativismo de crédito do sistema financeiro comum? A primeira grande diferença, de acordo com Alexandre Barbosa, Superintendente de Tesouraria do Sicredi, é que as cooperativas são formadas por pessoas, enquanto os bancos são sociedades de capital. “No nosso modelo, o controle é exercido pelo dono, que são os associados, enquanto nos bancos, o dono é o acionista. O nosso grande objetivo é oferecer soluções financeiras para agregar renda aos associados, já nos bancos, o grande objetivo é o lucro do acionista”, explica Barbosa, que ressalta que cada associado tem poder de voto independentemente do valor que tem aplicado na cooperativa.
Inclusão financeira
O crescimento do modelo cooperativo no Brasil traz benefícios econômicos importantes, é o que mostrou uma série de estudos realizados a pedido do Sicredi chamada “Os benefícios econômicos do Cooperativismo de Crédito”.
O primeiro deles, realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), analisou dados econômicos de todas as cidades brasileiras com e sem cooperativas de crédito entre 1994 e 2017 e cruzou informações do Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE). O trabalho concluiu que o cooperativismo de crédito incrementa o Produto Interno Bruto (PIB) per capita dos municípios em 5,6%, cria 6,2% mais vagas de trabalho formal e aumenta o número de estabelecimentos comerciais em 15,7%, estimulando, portanto, o empreendedorismo local.
Além do estudo realizado pela Fipe, outros dois estudos, um conduzido pelo especialista em Microeconomia Aplicada e Desenvolvimento Econômico, Juliano Assunção, pesquisador do Departamento de Economia da PUC-Rio, e pela equipe econômica do Sicredi reforçam a capacidade que as cooperativas têm de gerar valor e impactar munícipios menores.
O primeiro deles indica que as cooperativas conseguem operar em cidades com PIB a partir de R$ 79 milhões, enquanto para os bancos públicos é necessário um PIB mínimo de R$ 146 milhões e, para um banco privado, R$ 220 milhões. Já o estudo do Sicredi avaliou a atuação dos bancos privados, públicos federais e regionais, e instituições financeiras cooperativas entre 2010 e 2018, trouxe evidências de que, comparada às demais, a rede de atendimento cooperativo está em locais de mais difícil bancarização, ou seja, em regiões que são mais complexas para a rede bancária tradicional conseguir operar.
Complementar ao segundo trabalho, o terceiro estudo da série, buscou quantificar e tornar comparável o esforço necessário para a atuação nas localidades. Para isso, a equipe de economistas do Sicredi desenvolveu o Índice de Presença Bancária (IPB), que reflete a probabilidade de não se ter uma agência em determinada cidade, e os Índices Municipais de Bancarização (IMB) relativo e absoluto, que conseguem, a partir do IPB, demonstrar o nível de penetração das instituições em municípios de difícil atuação, assim como mostrar a contribuição agregada da presença.
“Em todos os estudos, conseguimos comprovar cientificamente que estamos no caminho certo, e reforçam a capacidade das cooperativas de crédito de operar em locais de mais difícil bancarização. Estamos em 25 estados e no Distrito Federal e a partir do próximo ano, quando entrarmos no Espírito Santo, vamos estar em todos os estados do Brasil, reafirmando que estar perto do nosso associado é nosso grande objetivo e uma das nossas grandes forças”, complementa Alexandre Barbosa.
Cenário de Crédito
E como crédito é sobre ajudar pessoas, o Sicredi se posiciona para realmente conseguir contribuir na realização de sonhos e todo apoio que uma comunidade onde está inserida precisa. “É desta forma que atuamos no Brasil. E para fazer isso, a principal coisa é a nossa aproximação e relacionamento com o associado, sem isso, não teríamos um desempenho positivo”, analisa Gustavo Freitas, Diretor Executivo de Crédito da Sicredi.
“Somos instituição que nascemos em muitas cidades e muito próximo ao agronegócio, pois o nosso trabalho é trazer soluções que ajudem no progresso do País. Hoje, o Sicredi é a segunda instituição financeira em crédito agro no Brasil. Efetivamente, a gente consegue levar crédito na ponta”, afirma.
Segundo ele, da carteira de crédito de R$117,6 bilhões da cooperativa, 36% são destinados ao agro; 34% às empresas e 30% as pessoas físicas.
Além do agro, os micro e pequenos empreendedores são outra grande base da cooperativa de crédito, responsável por 74% das operações da empresa. “Nós acreditamos fortemente no ciclo virtuoso, que significa que, diferente de outras instituições, o recurso captado naquele local é destinado ao local. Porque quando a gente concede crédito e permite famílias, pessoas e empresas desenvolverem a produção no local, isso gera desenvolvimento onde nossa agência está localizada, o que gera resultados positivos distribuídos aos associados e complementam a renda de quem faz parte dessa distribuição de resultados”, destaca Freitas.