Uma das cidades mais distantes da capital pernambucana é também o segundo maior polo tecnológico do estado. Os pouco mais de 700 km que separam Recife e Petrolina são encurtados no ranking das 30 cidades pernambucanas com maior potencial inovador. A obviedade do primeiro lugar, ocupado pelo Recife e por seu Porto Digital, dá espaço à curiosidade de Petrolina ser sinônimo de inovação.
O potencial do município não é novidade para o Sebrae Pernambuco. Este ano, o ELI Summit acontecerá na cidade. Dos dias 11 a 13 de setembro, Petrolina receberá o evento que conecta líderes à mecanismos de inovação e instituições de pesquisa.
ELI quer dizer Ecossistemas Locais de Inovação. Em suas duas primeiras edições, o evento aconteceu na capital. Agora, mais local do que nunca, a conferência deste ano será banhada pelas águas do São Francisco, num espaço montado na orla da cidade. A expectativa é receber mais de 600 participantes que, além de ouvirem palestras inéditas com experts nacionais e também de outros sete países, participarão com eles de oficinas de formação.
ELI Summit em Petrolina
O desenvolvimento da cidade de Petrolina é resultado de inovação e tecnologia. De ponto de travessia para Juazeiro, na Bahia, com quem faz limite, “a partir da irrigação, Petrolina se tornou o maior produtor de fruta e cultura irrigada do Brasil, exportando para o mundo inteiro”, relembra Murilo Guerra, superintendente do Sebrae Pernambuco.
“É uma homenagem ao desenvolvimento de Petrolina, a esses empresários, à Universidade Federal do Vale do São Francisco, ao pessoal da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que construíram esse ecossistema de inovação lá e que têm produzido bons resultados, gerado emprego, oportunidade de renda e aumentado o desenvolvimento de Pernambuco diretamente do sertão.”
A convergência entre as ideias e experiências de líderes é a premissa do summit — e a reunião é voltada exatamente para este público. Para Murilo, “não existe negócio que não dependa da capacidade de inovar. Desde pequenos negócios à universidades, todos buscam tracionar ideias e projetos”. A meta não é atrair somente startups, mas principalmente gestores e cabeças de projetos com potencial transformador.
Dados do Sebrae
Não é à toa a afirmação de que Petrolina detém o segundo maior polo tecnológico de Pernambuco. Os dados são do levantamento de Potencial Inovador de Município (PInM) feito pelo Sebrae. Na base de dados construída pelo instituto, a cidade sertaneja tem potencial tecnológico de 5,72% e vocação econômica de 9,59%.
Completam o ranking das cinco maiores PInMs do estado Caruaru, no Agreste Central, Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana, e Garanhuns, no Agreste Meridional.
“Criamos uma base de dados que reúne tudo o que existe sobre lugares que pesquisam inovação (universidades, curso de mestrado, de doutorado, de graduação) e quais empresas que são de CNAEs específicos, de atividades econômicas específicas que são consideradas produtoras de inovação de primeira linha, então empresas de transformação essencialmente”, detalha Evelyne Labanca, gerente de Negócios Inovadores do Sebrae Pernambuco.
A metodologia não considera todos os 5.570 municípios brasileiros, mas aqueles que atendem os critérios de inovação do Sebrae.
“São cidades que têm ingredientes, cérebros instalados, pesquisas sendo desenvolvidas e atividades econômicas também. E tudo que a gente faz no Sebrae é ligar os dois lados para buscar a integração entre esses dois setores, o que produz tecnologia e o que consome tecnologia, e a efetividade das ações feitas por todo mundo”.
Programação
Nesta terça-feira (27), o Sebrae Pernambuco reuniu em sua sede iniciativas públicas e privadas, além de órgãos do governo estadual, convidando-os à participação.
Estiveram presentes representantes da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação de Pernambuco (SECTI), Porto Digital, pró-reitoria de pesquisa e inovação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), além do HUB Canoa Grande, ligado à Prefeitura de Igarassu, e da FOZ FPS, centro de inovação especializado nas áreas de saúde e educação da Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS).
Com oficinas e painéis que vão desde “Como fazer a transformação digital do município”, “Como criar áreas de inovação em centros urbanos” e “Como promover inovação em compras públicas” à “Como criar uma aceleradora de impacto”, “Como estruturar um hub de inovação” e “Aliança para inovação do desenvolvimento local”, o Sebrae quer que o ELI Summit 2024 seja interessante para todos esses públicos.
Governanças e Governos Inteligentes é a pauta do primeiro dia. Especialistas vão debater modelos de governança que apoiam ecossistemas de inovação para o desenvolvimento de políticas públicas, financiamento e parcerias internacionais. Discutem o assunto dois especialistas da Espanha: Sonia Palomo, Subdiretora de Transferência de Tecnologia do Málaga Tech Park, e Andreu Francisco, ex-Prefeito de Alella, especialista em gestão pública a serviço de cidadãos e gestões municipais.
No segundo dia, o tema é a Especialização Inteligentes voltada à discussão e definição de estratégias que aproveitem áreas de especialização e clusters para fomentar o desenvolvimento econômico e competitivo. Debaterão sobre a pesquisadora polonesa Marina Ranga, com experiência em políticas de inovação e gestão tecnológica, e a colombiana Maria Constanza Ramirez, especialista em desenvolvimento de estratégias e negócios de clusters.
Fechando a programação, Espaços e Territórios inteligentes é o tema do último dia de summit. Espaços dinâmicos dentro de ecossistemas de inovação, parques científicos e tecnológicos e distritos inovadores são o centro dos debates. As palestras ficam por conta de Ihondra Sotolongo, Diretora no Parque Tecnológico e Científico de Havana, em Cuba, e Carina Rapetti, Gerente Geral da Triple Helix Association.
Os ingressos custam R$ 860, mas parceiros do Sebrae têm 10% de desconto. A compra pode ser feita clicando aqui.
Próximos eventos
Após esta edição, o ELI Summit passará a ser itinerante, percorrendo outras capitais e cidades de outros estados do Brasil. “Da mesma forma que o Sebrae traz técnicos e empreendedores de seus estados, certamente a gente vai levar daqui para outros estados onde vão ser realizados os ELI Summits futuros”, detalha o superintendente Murilo Guerra.
“É uma troca que continua. O Sebrae é um sistema que tem em todo o Brasil, então a gente continua essas iniciativas de troca de experiências e, além do mais, nós vamos também tentar desenvolver um Eli Summitzinho aqui”.
Mas Evelyne revela que o objetivo sempre foi ampliar o modelo para o Brasil. “Pernambuco é o grande piloto de uma estratégia de desenvolvimento, que é uma estratégia de país. E aí, nasce aqui, porque a gente é enxerido mesmo, né?”, brinca a gerente.
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