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Método do Recife acelera limpeza de lençol freático contaminado por combustíveis

Prazo de eliminação de resíduos de combustíveis na água pode reduzir de dois anos para três meses, afirma o engenheiro ambiental Heitor Veras
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Em métodos de tratamento de água contaminada com combustíveis,, testes com reagentes são realizados para detectar qual o poluente em questão. Foto: José Cruz/Agência Brasil

Um novo método de tratamento de lençóis freáticos pode reduzir de dois anos para três meses a eliminação de substâncias cancerígenas como resíduos de benzeno. A contaminação da água pode acontecer a partir de postos de combustíveis cujos tanques não apresentam a vedação adequada conforme determina a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Brasil (ANP). Nos casos mais graves, ocorre a revogação da licença para operação.

O método foi apresentado pelo engenheiro ambiental pernambucano Heitor Veras no XXIII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas, que aconteceu na semana passada em São Paulo, considerado o maior evento do setor na América Latina. Trata-se do resultado de uma pesquisa de campo realizada no centro da capital pernambucana para descontaminação de água subterrânea.

Formado em engenharia ambiental pela Unicap e com MBA em gestão e tecnologia ambiental pela USP, Heitor Veras afirma que o benzeno é capaz de causar anemia e queda do sistema imunológico, aumentando as chances de infecções e de desenvolvimento de cânceres sanguíneos, como a leucemia. Resíduos da substância foram localizados nas águas subterrâneas de um posto de gasolina na zona urbana da cidade.

“A principal vantagem deste método de tratamento foi a rapidez com que reduziu significativamente os níveis de benzeno, alcançando uma remediação efetiva em apenas 90 dias. Este tempo reduzido é particularmente valioso na implementação de projetos em contextos urbanos, onde a disseminação desta classe de contaminantes em água subterrânea e ao consequente aumento do risco à sua exposição, podem acarretar diversas repercussões negativas relacionadas aos ecossistemas presentes, ocupações do entorno e risco à saúde humana dos transeuntes da área”, relatou Heitor Veras.

O modo consiste em 3 fases. A primeira é a identificação do local e testes com reagentes para detectar qual o poluente em questão. A segunda é a aplicação dos produtos e o monitoramento constante. A última fase consiste na análise pós-tratamento para verificar se a água está descontaminada e do modo desejado. Segundo o engenheiro, o método pode ser utilizado em qualquer tipo de água e com qualquer tipo de poluente, não necessariamente apenas com as subterrâneas presentes em combustíveis.

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O tratamento teve suas fases aplicadas no período entre janeiro e março do ano de 2024. Esta estratégia permitiu acompanhar a concentração de benzeno durante todo o processo, permitindo assim com que se tivesse um maior controle da situação e fosse possível avaliar cada passo do tratamento e a sua eficácia. Ao fim do tratamento, o engenheiro pernambucano pôde mostrar, após monitoramentos, que o nível de benzeno naquelas águas foi reduzido a zero, apontando a eficiência técnica de descontaminação.

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Heitor Veras apresentou resultado de pesquisa de campo realizada em área próxima a um posto de combustíveis no Centro do Recife. Foto: LinkedIn/Reprodução

Adequação de postos de combustíveis

Os postos de gasolina são empreendimentos com enormes potenciais poluidores devido aos tanques subterrâneos, de acordo com o Conselho Nacional do Meio Ambiente. Os primeiros postos no Brasil foram implantados ainda na década de 1920, porém só começaram a ser regulamentados em relação aos tanques na década de 1990, fazendo com que durante muitos anos não houvesse fiscalização

A falta de uma licença ambiental e de cuidado com a natureza pode acabar fechando postos de combustível. Por isso os principais contratantes desses serviços são empreendedores que desejam comprar áreas de postos, segundo Heitor, para garantir que não há vazamentos e que não estão sendo lançados poluentes no subterrâneo.

De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), cerca de 35% dos 5.570 municípios brasileiros relatam problemas de contaminação em seus lençóis freáticos, afetando a qualidade da água potável e a saúde das pessoas que utilizam dela. Esse fato ocorre devido ao uso excessivo de fertilizantes e pesticidas na agricultura intensiva e também pela superexploração de aquíferos.

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) é estimado que um terço da população mundial depende dos lençóis freáticos como sua principal fonte de água potável. Além disso, os aquíferos são responsáveis por mais de 40% da água utilizada para irrigação nos setores agrícolas.

A contaminação dessa fonte de água em larga escala irá gerar desequilíbrio no meio ambiente, prejudicando ecossistemas, na captação de água potável e também afetará fortemente as produções agrícolas, contaminando os alimentos e podendo gerar uma escassez na produção.

Leia mais: Empresa de AL transforma 20 toneladas de pneus por dia em combustível

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