Por Raquel Lemos*
Com a rápida evolução da inteligência artificial (IA), a sua adesão tem ganhado forças em diferentes frentes. Nos negócios, é inegável seu crescimento exponencial, estimulado pela maior familiarização dos profissionais com seus potenciais e capacidade de trazer impactos positivos aos resultados. Segundo a McKinsey, em 2023, 55% das empresas adotaram IA em pelo menos uma função, um aumento significativo comparado a 2017, quando a taxa foi de 20%.
À medida que a euforia desse primeiro contato com o novo se estabiliza, os negócios começam de fato a explorar maneiras práticas e efetivas de integrá-la em suas operações, visando a eficiência e a capacidade de tomada de decisão baseada em dados. Pensando nisso, para preparar uma companhia para o futuro da IA, é fundamental focar em três frentes importantes: mudanças culturais e organizacionais, infraestrutura tecnológica e habilidades e conhecimento dos colaboradores.
Trabalhe a mentalidade para IA
A palavra-chave aqui é adaptação. Muitas empresas estão focadas em se tornar AI First, mas precisam antes de tudo adotar uma mentalidade orientada a dados, em que a importância do uso inteligente é reconhecida. O primeiro passo é criar uma base sólida para que a IA possa consumir informações essenciais e a partir disso evoluir.
Um dos objetivos dessa tecnologia é acelerar a capacidade de analisar grandes volumes de dados, o que pode auxiliar na tomada de decisões de maneira mais embasada. É claro que esse é um trabalho em conjunto, e que ainda vai depender do quanto somos capazes de complementar essas informações com nossa criatividade e ousadia em pensar o futuro das organizações.
Neste processo, é necessário dar espaço e encorajar experimentações no uso de novas tecnologias. Para isso, é muito importante que líderes e executivos estejam seriamente comprometidos com a inovação, uma vez que será fundamental alocar recursos financeiros para a implementação e manutenção de soluções de IA. Além disso, eles devem garantir que existam iniciativas de uso nos planos estratégicos de longo prazo, com desenho de objetivos claros e métricas de sucesso que mostrem como serão medidos os investimentos e analisados os impactos.
Implemente uma infraestrutura tecnológica eficiente
Melhorar a conectividade e garantir acesso a recursos computacionais avançados são passos essenciais para os negócios que desejam integrar a IA em sua operação. Segundo a IDC (International Data Corporation), a quantidade de dados criada e replicada no mundo deve atingir 175 zettabytes até 2025, destacando a necessidade de sistemas de gestão eficientes.
A infraestrutura deve incluir investimentos estratégicos em TI, software de IA e uma estrutura de governança que assegure a qualidade, segurança e privacidade dos dados utilizados. Isso irá favorecer a coleta, armazenamento e manutenção de informações de alta relevância. Estabelecer parcerias estratégicas para isso pode acelerar o processo de implementação, oferecendo expertise e apoio na organização de processos utilizando IA.
Desenvolvimento de habilidades
A adoção requer uma força de trabalho altamente qualificada. Para isso, os colaboradores precisam desenvolver uma combinação de habilidades técnicas e competências complementares. Conhecimentos em linguagens de programação, machine learning, manipulação e análise de dados, e computação em nuvem são essenciais para trabalhar com essa tecnologia. Além disso, habilidades como pensamento crítico, resolução de problemas e a aptidão para comunicar ideias de forma clara são igualmente relevantes.
Sendo assim, capacitar a equipe interna por meio de treinamentos, workshops e cursos específicos é um investimento valioso. Inclusive, criar programas de desenvolvimento contínuo garante que o time esteja sempre atualizado com as últimas tendências e metodologias em IA.
Considerando as diferentes frentes dos negócios que podem ser impactadas, segundo a Gartner, até 2025, 80% das interações de atendimento ao cliente, área que toda empresa possui, serão gerenciadas por IA, destacando a necessidade de especialistas que possam desenvolver e manter essas tecnologias.
Dessa forma, se a ideia é usar a IA de maneira estratégica e com foco em resultados, o movimento de adoção e desenvolvimento dos colaboradores precisa nascer integrado. Para isso, é importante implementar equipes ágeis e flexíveis em todas as áreas da empresa, capazes de responder rapidamente às novas demandas e oportunidades, não só olhando para a Inteligência Artificial como o fim, mas sim como um meio estratégico a ser utilizado no dia a dia em busca de maior eficiência.
Mão na massa
Com essas estratégias, as empresas podem tirar o máximo proveito das tecnologias emergentes, garantindo melhora na operação, experiência do cliente e na tomada de decisões. Por meio de um planejamento estratégico bem definido e investimentos adequados, a IA pode transformar significativamente um negócio, posicionando-o de forma competitiva para o futuro.
* Raquel Lemos é CPTO na Rethink, consultoria de estratégia, tecnologia e design, especializada no desenvolvimento de negócios, serviços e produtos digitais.
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