O desemprego no Nordeste, depois de registrar períodos de melhoria entre o final do ano passado e o início de 2024, fechou o primeiro trimestre com Bahia (14%) e Pernambuco (12,4%) na liderança nacional da taxa de desocupação. É o que aponta a mais recente edição da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral (PNAD), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o estudo, o cenário regional segue preocupante. Além da Bahia e Pernambuco, todos os demais estados nordestinos registraram, no período, taxa superior à média nacional (7,9%). O Piauí e Sergipe registraram 10%, seguidos por Alagoas e Paraíba (ambos com 9,9%), Rio Grande do Norte (9,6%), Ceará (8,6%) e Maranhão (8,4%).
Desemprego acelera na Bahia
A PNAD mostra aceleração do desemprego na Bahia e Maranhão, apesar de sinais positivos na macroeconomia nacional, incluindo projeção do Produto Interno Bruto (PIB), inflação controlada e juros abaixo do patamar do primeiro semestre de 2023.
Os mercados de trabalho baiano e maranhense, seguem a tendência do Brasil, que teve expansão de 7,4% de outubro a dezembro de 2023 para 7,9% de janeiro a março de 2024. O IBGE aponta viés de alta para a média nacional.
Na Bahia, o indicador subiu 1,3 ponto percentual sobre 12,7% da PNAD trimestral anterior. No Maranhão, o avanço foi da mesma ordem em relação a 7,1% na reta final de 2023.
Em Pernambuco, o IBGE considera o panorama como de estabilidade, apesar do crescimento de 0,5 ponto percentual sobre 11,9% na reta final de 2023. Situação semelhante foi verificada em Alagoas (1 pp), Paraíba (0,3 pp) e Rio Grande do Norte (1,3 pp).
Houve retração, com viés de estabilidade – diz o instituto – no Piauí (-0,6 pp), Sergipe (-1,2 pp) e Ceará (-0,1 pp).
Desemprego: maiores taxas de subutilização também estão no NE
A PNAD mostra que estados nordestinos estão na dianteira não apenas no desemprego, mas na taxa composta de subutilização da força de trabalho. O indicador mede o percentual de pessoas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas e na força de trabalho potencial em relação à força de trabalho.
Na liderança nacional, com os três primeiros lugares, aparecem Piauí (37,1%), Bahia (32,1%) e Alagoas (29,4%). O mesmo se repete no percentual de desalentados (pessoas que desistiram de procurar emprego), encabeçado por Maranhão (12,6%), Piauí (10,4%) e Alagoas (10%).
No percentual de empregados com carteira assinada, os piores resultados do Brasil estão no Piauí (49,4%) Maranhão (52%) e Ceará (54,9%). Outro indicador em que o Maranhão aparece de forma negativa é a taxa de informalidade no mercado de trabalho. O estado é o campeão nacional com 57,5% de trabalhadores sem carteira.
Desemprego no NE: IBGE responde, mas não explica
Questionado sobre o panorama atual do desemprego no Nordeste, o IBGE se limitou a dizer que as taxas de desemprego no Norte e Nordeste sempre foram superiores à média nacional, na média histórica da PNAD contínua. Não forneceu qualquer análise conjuntural ou estrutural sobre o problema.
Como o instituto vem recebendo censura do governo federal sob vários presidentes da República, a resposta evasiva em relação a uma pesquisa negativa para Brasília não surpreende, especialmente num momento de baixa popularidade do presidente Luís Inácio Lula da Silva.
Qual o cenário nacional do desemprego?
A taxa de desocupação do país no primeiro trimestre de 2024 caiu 0,9 pp frente ao mesmo trimestre de 2023 (8,8%). Em relação ao trimestre anterior, a taxa de desocupação aumentou em oito das 27 Unidades da Federação (UF), mantendo-se estável em outras 18 e caindo em apenas uma: o Amapá (de 14,2% para 10,9%).
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