Em 2018, quando adotou o partnership, a empresa ocupava uma sede de 500 m² e detinha uma força de trabalho de 320 corretores. Agora vai inaugurar nova sede com 700m² onde abrigará 550 corretores
Por Patrícia Raposo
Como conciliar o crescimento da equipe com o da empresa? A falta de espaço para ascensão na corporação é um dos desafios mais comuns aos negócios e é um dos fatores que leva à alta rotatividade e dificuldade na retenção de talentos.
E foi com esse desafio que o corretor e empresário pernambucano Armando Nogueira, 38 anos, deparou-se em dois momentos de sua carreira. Primeiro quando ainda era funcionário de uma imobiliária e depois, na gestão de seu próprio negócio.
“Saí do emprego para empreender, pois não havia mais espaço para crescer. E, ao montar meu negócio, eu sabia que o sonho de todo corretor de imóveis é ver seu nome na porta da empresa”, relembra Armando, hoje CEO da Nogueira Corretores de Imóveis – Moura, Ferreira, Nascimento. “Estamos tornando esse sonho realidade para nossos sócios”, diz ele, que prepara sua corretora para dobrar de tamanho em 2022.
Para realizar o sonho, foi necessário gastar muitas horas em benchmarking até encontrar o modelo partnership. Considerado um contraponto ao tradicional modelo piramidal, com C-level no topo, gestores no meio e funcionários na base, o partnership é uma espécie de sociedade, mas que foge do formato usual, em que há um pequeno grupo de acionistas e uma grande força de trabalho na forma de colaboradores. Aqui é possível que a maioria ou até mesmo todos os funcionários se tornem sócios do negócio.
Em 2018, quando adotou o partnership, a Nogueira ocupava uma sede de 500 m² e com uma força de trabalho de 320 corretores. Em 2020, apesar da pandemia, o plano de expansão foi mantido e a atual sede, na Zona Sul do Recife, ficou pequena para abrigar 22 equipes com 450 corretores. Agora, o empresário decidiu investir numa nova sede com 700 m² para abrigar 24 equipes com 550 corretores. O crescimento projetado para este ano é da ordem de 50%.
O partnership ajuda a superar três dos principais desafios na gestão: contratação e retenção de bons profissionais; atender ao desejo do funcionário de ser seu próprio chefe e trabalhar para si próprio; e obter fluxo de caixa e estabilidade financeira.
“Esse modelo de negócio vem sendo adotado em outros segmentos bem-sucedidos no Brasil e no mundo, mas não se tem conhecimento de seu uso no ramo imobiliário”, diz Armando. De fato, grandes escritórios de advocacia, consultorias internacionais e empresas como a XP Investimentos e a Ambev o adotam.
Com o partnership, Armando Nogueira criou e implementou um programa de desenvolvimento de líderes. Ele ressalta que foi assim que conseguiu reter talentos e, consequentemente, fortalecer a empresa. “Na era do compartilhamento, o partnership é a forma de compartilhar o sucesso com aqueles que de alguma forma ajudam a construí-lo. O corretor já entra na Nogueira sabendo que pode se tornar um líder e, caso se destaque em números e na arte da liderança, um sócio”, complementa.
Nesse novo modelo de negócio, os partners são pessoas jurídicas que plugam na Nogueira. Ou seja, são criadas empresas para serem geridas pelos novos sócios, sempre conectados à empresa mãe. À posição de partners ascendem os corretores de melhor performance e melhores resultados.
Assim, foram alçados à posição de sócios o executivo Sérgio Moura, 43 anos, ex-Brasilbrookers e Ambev, contador por formação pela UFPE, e os líderes Eduardo Nascimento, 34 anos, e Paulo Ferreira, 42 anos. Os próximos a ingressarem como sócios no modelo partnership serão George Stupp, 46 anos, ex-Cyrela, e Carlos Renato, 44 anos, corretor “das categorias de base” da Nogueira. Em um redesenho do atual organograma da empresa, Sérgio Moura vai assumir a superintendência de operações e expansão e George Stupp vai assumir a superintendência comercial.
A empresa original foi mantida e, nas que se plugaram a ela, é feita mensalmente a DRE (Demonstração do Resultado do Exercício), com distribuição dos resultados. Armando Nogueira aponta que, nesta fase pós-isolamento social da pandemia, o avanço no modelo partnership vai ser de total importância para o crescimento da empresa.
“O setor de construção civil é o primeiro que entra em uma crise e, em geral, o último que sai. Dessa vez está sendo diferente. Estamos sendo o setor que primeiro está saindo dessa crise”, conta. E neste processo, a Nogueira Corretores sai mais forte e com um “letreiro na fachada”: Procuram-se corretores parceiros.