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Setor de eventos enfrenta alta de 60% nos seus custos

Eventos que estavam pagos ou parcialmente pagos antes da pandemia e foram adiados, hoje estão dando prejuízos para seus organizadores Por Juliana Albuquerque e Patrícia Raposo A tentativa do Governo Federal em minimizar o impacto da crise hídrica no Brasil com uma tarifa extra de energia, que elevou seu custo em 50%, não é só […]

Eventos que estavam pagos ou parcialmente pagos antes da pandemia e foram adiados, hoje estão dando prejuízos para seus organizadores

Por Juliana Albuquerque e Patrícia Raposo

A tentativa do Governo Federal em minimizar o impacto da crise hídrica no Brasil com uma tarifa extra de energia, que elevou seu custo em 50%, não é só o que está pensando no bolso do brasileiro. O alto custo dos produtos é outro grande problema. E quanto essas elevações se refletem nos negócios, podem custar empregos ou mesmo a própria sobrevivência da operação. Neste cenário, entre os segmentos da economia, o setor de evento é mais uma vez o mais penalizado. Iniciando sua retomada há poucos meses, após mais de um ano com faturamento zero, o setor de eventos se depara com custos bastante elevados.

Tatiana Marques, presidente da Abeoc-PE

“Eventos que estavam pagos ou parcialmente pagos antes da pandemia e foram adiados, hoje estão dando prejuízos para seus organizadores, porque pelo orçamento fechado em 2019 não conseguimos realizá-los em 2021”, explica Tatiana Marques, presidente da  Associação Brasileira de Empresas de Eventos (ABECO-PE).

Segundo ela, o aumento médio no custo dos eventos é de 60%. “Basta ver o preço do arroz, um item que está em 90% de todos os eventos que envolvem almoços ou jantares”, diz Tatiana. No entanto, é na cenografia que reside o maior problema. “É impossível fazer qualquer coisa com base no orçamento fechado antes da pandemia e o jeito tem sido negociar com o cliente, reduzir o número de convidados, mudar os cenários e os cardápios”, diz Tatiana.

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A situação é tão gritante, que a Academia Brasileira de Eventos criou uma câmara de arbitragem para solucionar impasses entre organizadores, fornecedores e patrocinadores de eventos. “Os problemas são tantos que foi preciso incluir também os conflitos trabalhistas, porque, no cenário atual, não se consegue pagar os salários dos profissionais que foram mantidos por serem imprescindíveis à operação”, diz Tatiana.

Análise Ceplan

O economista e sócio da Ceplan Consultoria Econômica e Planejamento, Admilson Saraiva, explica que o setor de eventos, inserido no segmento de serviços, deve sentir mais que o comércio e indústria o peso dos aumentos de preços porque só agora está retomando de fato sua atividades. “Nesta segunda metade do ano, o setor de serviços vinha reagindo porque a demanda estava reprimida desde abril do ano passado. E essa recuperação, que poderia ser mais robusta, fica comprometida, uma vez que o custo dos aumentos tende a ser repassado e o consumidor, por sua vez, sentindo o peso de uma conta de energia mais cara em casa, procura adiar o consumo desses serviços”, analisa Saraiva.

Bernardo Peixoto, presidente da Fecomércio-PE
Foto: Maker Midia

“Na hora em que a gente está começando a voltar à normalidade, em especial, o setor de serviços, muito afetado com o fechamento das atividades desde abril do ano passado, vem esse custo a mais”, reclama, apreensivo, o presidente da Fecomércio em Pernambuco, Bernardo Peixoto.

A apreensão de Peixoto tem como justificativa o repasse desse custo para o consumidor. “Grande parte de quem consome no setor de serviços é da classe média e uma vez que o repasse do custo extra é praticamente inevitável quando se trata de serviços, esse público termina perdendo seu poder de consumo com mais esse aumento na conta de luz”, comenta Bernardo Peixoto. Isso adia o consumo e a consequente recuperação. Segundo Peixoto, no comércio, embora haja impacto desse aumento, como o setor já está enxuto, as lojas devem suportam mais e não devem repassar de imediato para os consumidores o peso desse custo extra.

Ricardo Essinger, presidente da Fiepe

No setor industrial, de acordo com o presidente da Fiepe, Ricardo Essinger, embora o impacto de mais esse aumento tenha um peso significativo para o setor, ele pode variar bastante. “dependendo do tipo de indústria, a conta de energia elétrica pode variar entre 4% e 30% do custo do produto. Evidentemente que na indústria que a energia tem um custo maior, o impacto será maior. Contudo, como esse momento de retomada não tem sido fácil, não acredito que haverá repasse desse custo extra e as indústrias devem absorver esse aumento”, revela Essinger.

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