Confira como está o nível dos subsistemas em cada região do país
O Ministério de Minas e Energia (MME) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciaram ontem a criação da bandeira tarifária da “escassez hídrica”, que eleva em torno de 50% o custo de cada 100 quilowatts por hora (kWh) consumidos. Ele passa a custar R$ 14,20. Também haverá um desconto de R$ 50 para os consumidores que economizarem 100 kWh de energia.
As medidas foram necessárias porque desde outubro do ano passado os reservatórios dos subsistemas do Sistema Interligado Nacional estão com níveis cada vez mais baixos. O Sistema Interligado Nacional é o conjunto de equipamentos e instalações conectados eletricamente para possibilitar o suprimento de energia do país.
Para analistas as medidas anunciadas ontem deveriam ter sido tomadas há mais tempo diante dos níveis das hidrelétricas. Hoje a situação, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é a seguinte:
– O subsistema Norte, que abrange as bacias do Tocantins e Amazonas, está com 70,56% de sua capacidade e é o que está na situação mais confortável.
– O subsistema Nordeste está com 49,46% de sua capacidade. Ele envolve as bacias do São Francisco e Jequitinhonha.
– O subsistema Sul, que compreende as bacias do Capivari, Iguaçu, Jacui, Paranapanema e Uruguai, está com apenas 28,07% de sua capacidade.
– O subsistema Sudeste/Centro-Oeste, que abrange oito bacias – Grande, Paraíba do Sul, Paraná, Paranaíba, Paranapanema, São Francisco, Tiete e Tocantins – e abastece maior parte do país, tem a pior situação: está com 21,57% de sua capacidade.
Diante deste cenário, alguns especialistas acham que se o governo tivesse ligados as térmicas antes não chegaríamos a este ponto, visto que os reservatórios não conseguem se recuperar há anos.
Em entrevista à coluna Cena Econômico, do Movimento Econômico, o presidente da Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace), Carlos Faria, ressaltou que “só agora o governo federal mostra o tamanho da crise de energia que vivemos e que poderá piorar com a redução da capacidade dos reservatórios a menos de 10%, caso as chuvas não cheguem até o final do ano”.
De fato, o governo dizia que não trabalhava com racionamento, que tudo estava sob controle.
Em entrevista ao Valor Econômico, o presidente da consultoria PSR e ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Luiz Barroso, ressaltou que as medidas anunciadas ontem são as últimas que o governo poderia tomar no momento para evitar o racionamento e que o mês de setembro vai ser fundamental para a decisão por um eventual racionamento compulsório. “Um risco de apagão no momento em que a vacinação abre portas para a retomada econômica é tudo que não precisamos”, diz Carlo Faria.