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O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) se reúne, pela primeira vez no ano, nesta terça-feira (30), para decidir sobre a taxa Selic. Mercado prevê nova redução de 0,50 pontos percentuais, passando para 11,25%.
Segundo Pedro Oliveira, tesoureiro do Paraná Banco Investimentos, o cenário internacional ainda é incerto, com os Bancos Centrais das principais economias ainda cautelosos em dar como ganha a batalha contra inflação. Mais cautela significa juros altos por mais tempo do que o esperado pelo mercado. Por esse motivo, para ele, o Copom deve manter o ritmo de cortes em 0,50 p.p. até a reunião de setembro, a qual deve acontecer um último corte de 0,25 p.p., finalizando o ciclo de queda da Selic em 9,00%.
“Infelizmente, o efeito da queda dos juros só irá refletir no bolso dos brasileiros alguns meses à frente, isso porque os empréstimos são precificados pela expectativa de quanto estarão os juros daqui 1 ou 2 anos. Por esse motivo é importante que a queda da Selic seja consistente, para que a expectativa de juros no longo prazo também seja reduzida. Atualmente, a expectativa de juros no longo prazo está acima de 10%, fazendo com que os empréstimos aos brasileiros se mantenham com a mesma taxa.”
Sobre o IPCA, tivemos um sinal de alerta com a inflação de dezembro, em que todos os grupos do índice tiveram alta nos preços. Oliveira explica que o IPCA deve fechar o ano de 2024 em torno de 3,80%. Apesar da desaceleração em relação a 2023, a projeção está acima do centro da meta do Banco Central, de 3,00%.
Dólar
Em relação ao câmbio, o dólar deve terminar o ano de 2024 em torno de R$ 4,90, a depender muito de como será a balança comercial brasileira, uma vez que há incertezas em relação ao crescimento da China e Argentina, principais parceiros do Brasil no comércio exterior.
“Mantenho minha projeção de R$ 4,30 para taxa de câmbio ao final do ano mesmo após o estresse no câmbio esses últimos dias derivado da elevação dos juros nos EUA e da percepção de parte do mercado que talvez o FED demorará mais para cortar os juros por lá”, diz André Perfeito, economista chefe da Necton.
“O que valida minha projeção é menos o diferencial de juros, mas antes o comportamento da Balança Comercial brasileira que tende a ser altamente superavitária em 2024 mais uma vez. O próprio relatório Focus revisou mais uma vez para cima a expectativa do saldo comercial”, diz o economista.
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