Por Bruno Cunha*
As questões relativas a idade no ambiente corporativo costumam ser polêmicas e levantar algumas problemáticas. De um lado, existe a demanda cada vez mais presente por oportunidades para pessoas acima de 45 anos. De outro, existem empresas que trabalham com padrões rígidos relativos à idade.
Outra questão que se costuma colocar em pauta é a idade média para cargos de coordenador ou gerente. Segundo pesquisa feita recentemente pela Assessoria de Carreira com Bruno Cunha, a idade média para ocupar um cargo na coordenação de uma empresa é de 32 anos, sendo que a média para cargos de gerência é de 38 anos.
Em uma realidade em que as pessoas ingressam cada vez mais tarde no mundo do trabalho, é importante pontuar algumas questões. A seguir, confira mais detalhes sobre este assunto!
A idade versus cargos na carreira
Durante a carreira muitos profissionais negligenciam a cronologia da idade frente ao gerenciamento da vida profissional e esta falta de visão pode trazer inúmeras consequências, inclusive o comprometimento da empregabilidade.
Mas por que razão pode comprometer a empregabilidade? Vamos a um caso muito comum: imagine um profissional aos 40 anos ocupando um cargo operacional realizando atividades de execução há mais de 10 anos, e de repente ele foi demitido e vai buscar recolocação no mercado. Com quem ele irá concorrer para o mesmo cargo?
Concorrerá com profissionais mais jovens, mais baratos e mais atualizados. Ou seja, tal situação gera um gargalo na carreira, pois esse profissional começa a ficar muito caro em termos de remuneração e tal fator impacta diretamente na sua volta ao mercado de trabalho.
Diante deste fato, então pode-se concluir que todo profissional é obrigado a assumir cargos de liderança? Não. Mas ter a consciência que não assumir um cargo maior vai trazer, mais cedo ou mais tarde, consequências para a vida profissional. E a partir desta consciência decidir seguir a diante ou não na jornada de carreira.
Como Consultor de Carreira, sempre reforço aos meus assessorados: o direito de escolha é dele, mas sempre deve ser acompanhada de lucidez e consciência dos ganhos e perdas na carreira.
Gerenciamento da carreira
O gerenciamento da carreira é essencial frente ao processo de avanço da idade. Determinar as próximas fases da carreira e suas metas é imprescindível. Além disso, saber quais são os objetivos e aonde se quer chegar faz com que o caminho seja melhor estruturado e não se perca tanto tempo em tarefas que podem não contribuir para estes objetivos. O autoconhecimento é essencial para a construção de uma carreira sólida.
Se as pesquisas mostram que é possível alcançar um cargo de coordenação aos 32 e a gerência aos 38, isso se deve, sobretudo, ao trabalho desempenhado na organização desta carreira. Muitos profissionais são levados a caminhos outros que podem não fazer muito sentido em retrospecto. Portanto, alinhar a qualificação, a experiência e a idade, torna-se um grande desafio para qualquer carreira.
O que está em questão é o desafio deste alinhamento e cada profissional deve estar muito ciente de suas limitações tanto de tempo hábil quanto limitações de aprendizado. Nesse sentido, a ampliação das possibilidades e áreas de interesse pode não ser a melhor estratégia. Se o cargo pretendido é a coordenação, então é importante fazer uma linha cronológica que dê conta do que é necessário fazer para chegar a este ponto.
Além disso, organizar cada etapa, fazer o gerenciamento da carreira é uma estratégia que pode até mesmo diminuir as dificuldades, otimizando o conhecimento. Buscar qualificação em novas formações, palestras, eventos, cursos livres são algumas formas de se especializar e deixar o currículo diferente e aplicável às demandas diversas de uma empresa. Mas também trabalhar as competências comportamentais, também é uma forma de alcançar os objetivos de forma mais rápida.
A mudança acontece de forma cada vez mais rápida, afinal, o mundo altamente tecnológico com máquinas e processadores que realizam o trabalho em um tempo muito menor do que o ser humano é capaz, faz com que esta reflexão seja obrigada a ocorrer para decidir essas mudanças. Desta forma, o trabalhador de idade média ou acima precisa, como os demais, estar em constante atualização de forma que possa manter sua presença no ambiente corporativo.
Não cabe jogar a culpa pela falta de crescimento na economia, na política, nem tampouco nas empresas, afinal não conseguimos mudar o que estar “externo à nós”, só conseguimos mudar o que é “nosso”. Gerenciar a carreira não é para todos, e sim para aqueles que desejam responsavelmente ser protagonistas da sua própria jornada profissional.
*Bruno Cunha é consultor de carreiras e head hunter.