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Os 200 anos da independência do Brasil, que importa de fertilizantes a peças…

Depois de 200 anos da independência, o Brasil é competitivo na área agrícola, mas importa de fertilizantes a peças.

produção de soja em Alto Paraíso (GO)
O Brasil continua sendo um grande produtor de commodities 200 anos depois da independência. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Nesta quarta-feira (7), se comemora os 200 anos da independência do Brasil. “Em termos econômicos, ficou pior, porque agora depende de vários países. A produção continua muito voltada para o setor agrário, deixando pra trás a tecnologia. No mundo, a indústria está no 4.0, enquanto nós estamos na 1.0 ou 2.0”, diz o economista, professor da Unit e consultor em gestão de negócios Werson Kaval. Ele cita que, por volta de 1984/1985, a indústria correspondia a 48% do Produto Interno Bruto do País (PIB) e hoje não chega a 20%.

O grau de industrialização é um dos indicadores de desenvolvimento de uma nação, porque a indústria além de pagar salários maiores agrega tecnologia e outro bem que está cada dia sendo mais valorizado: conhecimento. Mas o que nos levou a isso ? “As políticas nacionais não focaram na indústria. Faltou o Estado criar as bases do desenvolvimento, atraindo capital. E, para atrair capital é necessário estabilidade política, segurança jurídica, mão de obra qualificada e infraestrutura”, comenta Werson. Há pelo menos oito anos, o País não tem estabilidade política, a segurança jurídica é questionada por decisões judiciais, a mão de obra não é qualificada e, nas últimas décadas, não foi realizada uma melhoria significativa na infraestrutura.

“A base do desenvolvimento econômico do País começa com a educação. O modelo de educação adotado não ensina a pensar, mas o que pensar. Isso nos leva, basicamente, a fornecer mão de obra para o século passado”, comenta. O País só conseguiu colocar toda a população em idade escolar na década de 90 do século passado e, mesmo assim, uma parte dessa educação é de má qualidade. “O Brasil tinha uma economia parecida com a da Coréia do Sul na década de 50. Os coreanos investiram em educação de qualidade e se desenvolveram. E as fábricas deles – tem tecnologia – e vendem, para o resto do mundo, carros, televisores, celulares etc”, cita Werson. A fabricação desses produtos no Brasil é realizada por empresas estrangeiras instaladas no País e, na maioria das vezes, com tecnologia e design totalmente desenvolvidos no exterior.

E a dependência, segundo Werson, não fica só na área industrial. “O País é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, mas importa fertilizantes. É autossuficiente na produção de petróleo, mas a paridade do preço do barril influencia a economia nacional, porque o Brasil faz o refino do petróleo lá fora”, comenta. Isso significa que o Brasil exporta petróleo e importa produtos refinados, como o diesel ou a gasolina. Também vende aço – que é mais barato – e importa peças de aço que são mais caras.

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Politicamente…

Os dois economistas entrevistados pelo Movimento Econômico consideram que o País avançou politicamente nos últimos 200 anos. “O sistema político é independente, mas trabalha em prol deles mesmos. Numa pandemia, aprovaram um fundo eleitoral de R$ 5 bilhões, de recursos públicos, que serão gastos na campanha”, comenta Werson.

Otimista, o também economista e professor da Unit Paulo Alencar argumenta que o País se tornou independente politicamente e “tem autonomia de gestão”, desenvolvendo resiliência para se adequar às grandes intempéries.

Em termos econômicos, Paulo considera que houve avanço também porque o comércio antes da independência era limitado ao interesse de Portugal e hoje o País exporta e importa de várias nações. “O Brasil avançou, se tornou um país industrial, que é aquele que fabrica todo tipo de produto na cadeia produtiva, mas não é competitivo. Até evoluiu na competitividade, mas não na velocidade que a sociedade precisava”, afirma Paulo. Ele argumenta que não é ruim o País exportar commodity (produtos como açúcar, soja, milho etc), mas “tinha que gerar valor agregado nessas exportações”, comenta. As commodities geralmente são mais baratas do que os produtos industrializados – que agregam mais valor ao produto final.

Paulo acredita que o Brasil está no período de transformação que só vai acontecer mais na frente. “Os 200 anos da independência podem ser um ponto de ruptura para reconhecer o que precisa melhorar. O investimento em educação pode ser a ruptura, a grande transformação que o Brasil precisa”, comenta.

Ambos os economistas consideram que na área social o País tem muita a melhorar: diminuindo principalmente a desigualdade. O fim da escravidão no Brasil não ocorreu com a inserção dos negros nas escolas e no meio produtivo. Há preconceito e discriminação. Até o desemprego pós-pandemia é maior entre os mais pobres. O País produz e exporta muitos alimentos, mas tem 33,1 milhões de pessoas que apresentam insegurança alimentar, passam fome.

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