A guerra da Ucrânia e da Rússia vai ser um dos componentes que vão contribuir para o aumento do preço do gás natural (canalizado), que vai entrar em vigor no dia 1º de maio. A Agência Reguladora de Pernambuco (Arpe) já está analisando a questão para definir de quanto será o reajuste. Em Pernambuco, o último reajuste foi zero e aconteceu em fevereiro último. Isso ocorreu porque a Copergás – que distribui o gás no Estado – compra o produto de dois fornecedores: a Petrobras e a Shell. Naquele mês, a Petrobras aumentou o preço e a Shell diminuiu. Então, no encontro de contas, não foi necessário aumentar o preço do combustível.
“O gás é uma commodity e aí fica com o seu preço atrelado ao que ocorre no mercado internacional, oscilando da mesma maneira em todos os mercados”, explica o economista, professor da Unit e consultor, Werson Kaval. Commodity é uma mercadoria, como por exemplo o petróleo e a soja, que tem o seu preço estabelecido em bolsas de valores, influenciando o preço de venda de todos os produtores.
No caso do gás canalizado, o Brasil vive um momento de abertura do mercado, mas cerca de 75% de todo o gás canalizado comercializado no País é revendido pela Petrobras que ainda é quem define o preço, de uma maneira geral. “E a Petrobras optou por uma política de preços que tenha paridade com o mercado internacional. Isso é bom para o caixa da estatal, mas prejudica o consumidor. Tanto é assim que em 2021 a petrolífera registrou um lucro recorde de R$ 106 bilhões”, resume Werson.
Mas por que a guerra da Rússia contra a Ucrânia que começou em fevereiro último vai deixar o preço do gás mais caro? Primeiro, a Rússia é uma grande produtora de petróleo e gás e está tendo embargos por causa da guerra e uma grande fornecedora de gás para os países da Europa. “Isso significa que haverá menos gás disponível neste mercado e o preço vai subir em todos os mercados”, resume Werson. No mercado internacional, um dos preços que mais influencia no preço do gás é o barril de petróleo brent, que chegou a alcançar US$ 130 logo depois que a guerra começou. Depois, o preço caiu e estava por US$ 102 no dia 11 de abril, de acordo com o G1.
Consequências do gás canalizado
“O impacto no bolso do consumidor será grande, porque o gás canalizado serve para gerar energia das térmicas e é também usado pelas indústrias”, conta Werson. Isso significa que o aumento do preço deste combustível será repassado por outras empresas que usam o gás como insumo para produzir bens, como alimentos, cerâmica, bebidas, entre outros.
O gás canalizado é usado por 4 milhões de clientes no Brasil. Em Pernambuco, são 62 mil consumidores que compram o produto da Companhia Pernambucana de Gás (Copergás), segundo informações do site da distribuidora. A empresa também envia o gás,de caminhão, para Petrolina e Garanhuns localizadas, respectivamente, no Sertão e Agreste do Estado.
A política de preço do gás canalizado não tem a ver com o Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) – usado no botijão de cozinha, que pode ter o seu preço alterado a qualquer momento. No gás canalizado, os aumentos podem ocorrer a cada três meses, repassando para o consumidor a alta ou a baixa do preço do produto no mercado internacional.
Leia também:
