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Ciclo de alta no preço das commodities valoriza ações de empresas nacionais

Especialistas analisam para o Movimento Econômico o impacto sobre as opções de investimento em diversos setores

Ações de empresas que produzem commodities, como minério de ferro, estão em alta, foto Pixabay

Investidores devem ficar atentos à valorização dos preços das commodities, o que pode trazer boas oportunidades no mercado de ações. Alguns episódios no cenário internacional, envolvendo os dois principais players globais, China e Estados Unidos, podem contribuir ainda mais para essa valorização.

Thiago Pflueger, da Athena Investimentos

No caso da China, são as tensões com a Austrália que estão impactando no preço do minério de ferro. Isso vem ocorrendo desde que o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, pediu uma investigação internacional sobre as origens da epidemia de covid-19. A China, que considerou o pedido hostil, anunciou na semana passada a suspensão de parte de sua cooperação econômica com a Austrália e impôs sansões ao minério de ferro australiano, o que elevou o preço dessa commodities.  

No caso dos Estados Unidos, o impacto vem do pacote de US$ 6 trilhões, apresentado pelo presidente americano, Joe Biden, que deve gerar um efeito positivo sobre novas tecnologias e tende a aumentar a demanda por commodities metálicas. Some-se a isso a expectativa de retomada da economia nessas duas potencias globais – China e Estados Unidos – o que vai elevar a demanda por diversas commodities.

Alexandre Brito, da Finacap Investimentos

O mundo viveu um ciclo de alta nas commodities de 2000 a 2010, onde os mercados emergentes, incluindo o Brasil, surfaram uma boa onda, com saldos positivos em suas economias e no mercado financeiro. Mas, na segunda década, as commodities tiveram um ciclo de baixa o que impactou nessas economias emergentes. “Com a enorme injeção de liquidez e estímulos econômico diante da pandemia, possivelmente se inicia um novo ciclo de commodities”, analisa Alexandre Brito, sócio e responsável pela área de gestão de patrimônio da Finacap Investimentos, com sede em Recife.

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Em geral, analistas do mercado concordam que o momento é de crescimento e que o ciclo deve durar mais de um ano, alimentado pela esperada reabertura da economia global diante da vacinação e do pacote fiscal dos Estados Unidos.

O Brasil é líder na produção de commodities importantes no cenário global, como minério de ferro, celulose, soja, proteína animal e petróleo. E a repercussão já é sentida na bolsa de valores de São Paulo, a B3, em ações das empresas que são ligas esses produtos. “Empresas como Vale, Usiminas, Gerdau e as petrolíferas, como a Petrobras, PetroRio, 3R Petroleum estão subindo bastante”, analisa Thiago Pflueger, da Athena Investimentos, com sede  no Recife.

Alexandre Brito cita ainda a CSN, a JBS, a Marfrig, a Suzano e a BRF. “Ainda há empresas com bom potencial de crescimento e que estão baratas em relação a seu valor justo. A própria Vale e a Petrobras, em relação a seus pares internacionais, estão sendo negociadas com desconto”, revela.

É hora de investir?  “Nesta hora temos que ter algum cuidado, porque o mercado precifica esse movimento, ou seja, antecipa a alta e os ativos já não estão baratos”, alerta Pflueger. Ele recomenda se analisar o perfil de cada empresa. Cintado a Vele, ele a aponta como exemplo de boa alternativa porque é uma empresa formadora de caixa. “É uma empresa muito lucrativa e mesmo que o preço do minério de ferro caia, a Vale ainda é muito atrativa, porque a qualidade de seu minério em comparação com outras mineradoras é muito bom e isso confere a ela, portanto, um prêmio pela qualidade”, analisa.

Daniel Lins, da Zargo Investimentos

Para Daniel Lins, um dos fundadores da Zargo Investimentos, sediada em Recife, diferentemente do boom de commodities do passado, quando a ações de mineradoras figuraram entre as estrelas, esse novo boom tem um componente novo: a chamada agenda verde. “Empresas com boa governança e preocupação socioambiental entram na pauta e são as preferidas dos investidores”, diz.

Daniel Lins cita aquelas ligadas a setores como o de frigorifico, que são muito competitivas e com boa governança. “As mineradoras vão continuar bem, pois os preços dispararam, além do que o minério é usado na fabricação de máquinas agrícolas, o que favorece também esse setor”, lembra, acrescentando que além das tradicionais commodities como minério, aço, petróleo, o investidor tem que ficar atento aos grãos e ao setor agropecuário, como o de exportação de carnes.

Preços

O preço do minério de ferro confirma a tendência em torno da economia verde. A commodities superou os US$ 200 a tonelada. Neste movimento de alta podem estar em jogo alguns fatores, como o jogo especulativo e uma antecipação. “A especulação ocorre porque, embora haja fundamentos, há muitas pessoas físicas operando com o minério de ferro e elevando a volatilidade”, diz Pflueger. Já a antecipação fica por conta da economia verde que Biden pretende implantar nos Estados Unidos.

A alta surpreendente das commodities tem gerado projeções de superávit recorde da balança comercial brasileira. “O fato de nossa moeda também estar desvalorizada em relação ao dólar estimula as empresas brasileiras produtoras destes materiais a exportarem sua produção. No mercado financeiro, sentiremos fortemente esse fluxo, haja visto que praticamente 37% das empresas do índice Ibovespa são atreladas às commodities”, diz Alexandre Brito.

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