A produção de alimentos nos municípios do Agreste alagoano impulsionou a instalação de empresas de beneficiamento na região. O cultivo da mandioca, por exemplo, foi outra opção que produtores de fumo buscaram para migrar de produção ou realizar o plantio em consórcio.
Hoje, a mandiocultura vem crescendo não só no Agreste alagoano, como também em municípios da Zona da Mata, movimentando uma cadeia que tem sido impulsionada pela atração de indústrias beneficiadoras, como a Amafil, que se instalou em 2021 no município de Teotônio Vilela, distante cerca de 50 quilômetros de Arapiraca. A indústria investiu, em sua abertura, R$ 26 milhões e, no ano passado, investiu mais R$ 10 milhões para ampliar a unidade.
A fábrica da Amafil processa diariamente 300 toneladas de macaxeira, e a matéria-prima é de produtores da região. No local são produzidas fécula e farinha, além de massa de tapioca.
A produção de alimentos nos municípios do Agreste alagoano impulsionou a instalação de empresas de beneficiamento na região. O cultivo da mandioca, por exemplo, foi outra opção que produtores de fumo buscaram para migrar de produção ou realizar o plantio em consórcio.
Hoje, a mandiocultura vem crescendo não só no Agreste alagoano, como também em municípios da Zona da Mata, movimentando uma cadeia que tem sido impulsionada pela atração de indústrias beneficiadoras, como a Amafil, que se instalou em 2021 no município de Teotônio Vilela, distante cerca de 50 quilômetros de Arapiraca. A indústria investiu, em sua abertura, R$ 26 milhões e, no ano passado, investiu mais R$ 10 milhões para ampliar a unidade.
A fábrica da Amafil processa diariamente 300 toneladas de macaxeira, e a matéria-prima é de produtores da região. No local são produzidas fécula e farinha, além de massa de tapioca.
A expansão da indústria e do varejo gerou novas oportunidades de emprego, absorvendo parte da mão de obra que antes dependia da cultura do fumo. Hoje, o estado produz em torno de 400 mil toneladas de mandioca, e o Agreste é responsável por 70% do total. Somente em Arapiraca, a média de produção de macaxeira é de 30 mil toneladas, com faturamento bruto de R$ 15 milhões por ano.
“A presença de fabricantes e distribuidores garantiu que produtos frescos chegassem ao mercado, beneficiando tanto os produtores rurais quanto os consumidores. O crescimento do setor varejista transformou Arapiraca em um polo comercial regional, atraindo consumidores de cidades vizinhas. A diversificação dos produtos oferecidos no comércio local ajudou a consolidar a cidade como um centro de referência para compras e abastecimento”, observou o economista Fábio Leão.
“A presença de fabricantes e distribuidores garantiu que produtos frescos chegassem ao mercado, beneficiando tanto os produtores rurais quanto os consumidores. O crescimento do setor varejista transformou Arapiraca em um polo comercial regional, atraindo consumidores de cidades vizinhas. A diversificação dos produtos oferecidos no comércio local ajudou a consolidar a cidade como um centro de referência para compras e abastecimento”, observou o economista Fábio Leão.
Segundo Eloízio Lopes, presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Mandioca e Derivados, vinculada ao Ministério da Agricultura e Pecuária, o cultivo da mandioca em Alagoas cresceu no Agreste, motivado pela mudança entre cultivos — sobretudo do fumo — e avançou também para municípios da Zona da Mata alagoana, como Taquarana, Limoeiro de Anadia, Junqueiro e Coruripe, onde havia maior predominância de cana-de-açúcar.
No Agreste, especificamente, o município de Girau do Ponciano possui a maior área plantada, e, na Zona da Mata, o destaque é Coruripe, onde o cultivo tem sido puxado pela troca ou consórcio com a cana.
“Em números estaduais, a área plantada de mandioca mais do que dobrou nos últimos anos. Antes, tínhamos cerca de 40 mil hectares plantados e hoje chegamos a 100 mil hectares. Este é um fenômeno que vem ocorrendo nos últimos sete anos, motivado pela chegada da Amafil e pela demanda da pecuária pela parte aérea [as folhas] da mandioca, que são usadas na alimentação animal”, explicou.
Eloízio explicou também que a Amafil trouxe estabilidade aos preços praticados na venda das raízes, retendo cerca de 30% da produção local para abastecer sua produção. Outra parte da mandioca produzida em Alagoas é exportada, principalmente para Sergipe e Pernambuco.
“Há produtores aqui na região Agreste que seguem plantando fumo consorciado à mandioca, e outros que de fato migraram de uma cultura para a outra. Em Craíbas e Igaci, temos muitos produtores adotando esse modelo. Esse mesmo movimento também ocorre na Zona da Mata, onde também observamos o cultivo consorciado com a cana, onde já existe uma perda de área de cana plantada para a mandioca”, relatou.
Apesar do crescimento, a falta de sementes para o cultivo de novas mudas tem preocupado produtores e entidades. “Estamos em um trabalho intenso para conseguir produzir uma linhagem melhor e ter sementes. Com essa demanda por folhagem para a pecuária, há falta de sementes. A estiagem também prejudicou o plantio, então estamos atuando para viabilizar melhorias da produção alagoana, além de garantir segurança ao produtor”, disse.
Boa parte do crescimento do cultivo da mandioca no estado tem sido impulsionada por programas que auxiliam na estruturação da cadeia produtiva. No Agreste alagoano, o Banco do Nordeste mantém o Programa de Desenvolvimento Territorial (Prodeter), voltado à estruturação da mandiocultura. Segundo dados do BNB, os financiamentos voltados para a cultura cresceram 140% no ano de 2024. Os recursos, contratados pela agência de Arapiraca, que atende à região, somaram R$ 3,5 milhões. O valor, segundo a instituição financeira, corresponde a 73% de todo o crédito concedido para a atividade no estado, em 2024, que totalizou R$ 4,8 milhões.
A implantação do Prodeter da Mandiocultura, em Alagoas, ocorreu em 2021 e abrange os municípios de Arapiraca, Feira Grande e Limoeiro de Anadia.
Segundo o agente de desenvolvimento do BNB em Arapiraca, Claudevan Santos, entre as ações realizadas para a estruturação da atividade estão intercâmbio com produtores, melhores práticas de manejo e culturas consorciadas, além da parceria com a agroindústria Amafil para compra da produção dos agentes econômicos do território, com garantia de preço mínimo.
“Tem sido feito um trabalho de fortalecimento de toda a cadeia de produção, além de estarmos atuando em parceria com outras entidades para elaboração de metodologias e projetos que buscam aumentar a produção de sementes e otimizar o cultivo, tanto de pequenos produtores quanto na estruturação de associações que prestam apoio a esses produtores”, explicou.
Foi justamente o trabalho desenvolvido pelo Banco do Nordeste, apoiando o cultivo da mandioca em Alagoas, que possibilitou a reativação da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Mandioca e Derivados no estado. Segundo Eloízio, a entidade passou oito anos sem atividade e conseguiu ser retomada graças ao Prodeter.
“Nos últimos dois anos, conseguimos reativar a Câmara aqui em Arapiraca, reorganizamos sua estrutura e o Prodeter deu fôlego para que pudéssemos retomar as articulações, participar de editais, como ocorreu com uma agroindústria de mandioca aqui da região”, afirmou.
Por meio da atuação da Câmara Setorial, o BNB tem auxiliado na estruturação de pesquisas e apoio aos produtores da região. “Estamos avançando em outras frentes, principalmente nestas ações por melhores sementes e novas mudas para ampliar o plantio de mandioca no estado. Afinal, a produção de uma mandioca de qualidade começa pela semente”, completou Eloízio.
A crescente presença da mandioca no Agreste alagoano simboliza mais do que uma simples mudança de cultivo, ela revela uma nova lógica produtiva que conecta o pequeno agricultor às cadeias industriais e ao mercado regional. Assim como ocorreu com as hortaliças, a mandiocultura reforça o movimento de diversificação econômica no campo, que substituiu o ciclo do fumo por um modelo mais sustentável, dinâmico e alinhado às novas demandas alimentares e sociais do estado.