
Os filiados do Partido dos Trabalhadores (PT) vão às urnas neste domingo (6), no Processo de Eleições Diretas (PED), para escolher as novas direções nacional, estaduais e municipais da legenda. Na principal disputa, o ex-ministro da Comunicação Social e ex-prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva, é o favorito para assumir o comando nacional da sigla. Ele tem o apoio de setores majoritários do partido e deve ser eleito sem problemas. Em Pernambuco, o deputado federal e 1º secretário da Câmara dos Deputados, Carlos Veras, é o favorito absoluto. Briga mesmo, só em alguns munícipios, como Olinda, onde os principais nomes do PT no Estado, os senadores Humberto Costa e Teresa Leitão, estão divididos.
O PED do PT ocorre em um momento de fragilidade interna e externa da legenda. A pouco mais de um ano das eleições gerais de 2026, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta queda de popularidade, conforme os principais institutos de pesquisa de opinião. Segundo o levantamento Genial/Quaest divulgado em junho, desaprovação do governo Lula chegou a 57%, enquanto a aprovação caiu para 40% e 3% dos entrevistados não souberam ou não responderam, o pior desempenho desde o início do terceiro mandato.
Diante desse cenário, o futuro presidente do PT, que substituirá o presidente em exercício Humberto Costa, terá como uma de suas prioridades recompor pontes com os partidos da base aliada no Congresso Nacional e nos estados. A relação com o Centrão, em especial com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), segue instável, para dizer o mínimo, com o Legislativo impondo derrotas em temas importantes para o Governo, como o aumento do IOF.
Desafio do PT nos Estados
Além de articular a unidade partidária em meio a divergências internas — especialmente entre as correntes que disputam protagonismo nas cidades de maior densidade eleitoral —, o novo presidente precisará definir o papel do PT na coordenação das alianças em estados estratégicos, como São Paulo, Bahia, Pernambuco e Minas Gerais.

Nos diretórios estaduais, o PED renovará o comando partidário nos 26 estados e no Distrito Federal. Assim como no cenário nacional, no PED em Pernambuco, a disputa terá o deputado federal Carlos Veras, apoiado pelas principais lideranças da legenda no estado, como favorito e deverá levar com folga. Ele disputa contra ex-deputado Fernando Ferro, que representa um setor mais crítico à atual linha política do partido.
Carlos Veras conseguiu consolidar sua candidatura com o apoio dos senadores Humberto Costa e Teresa Leitão, os dois principais nomes da legenda em Pernambuco. O consenso entre os dois fortaleceu a postulação de Veras, que é ligado à corrente Construindo um Novo Brasil (CNB).
Do outro lado, Fernando Ferro tem apoio das correntes Avante e Diálogo e Ação Petista. Ex-deputado federal com histórico ligado à esquerda interna do partido, Ferro se posiciona contra a atual política de alianças com o PSB em Pernambuco, especialmente no Recife.
Inicialmente, outros nomes chegaram a se colocar como pré-candidatos, entre eles Osmar Ricardo, Sérgio Goiana, Messias Melo, Prazeres Barros e a prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado. Todos esses retiraram suas candidaturas ao longo do processo e passaram a apoiar Carlos Veras, consolidando o favoritismo do parlamentar.
A nova direção estadual terá como missão liderar a estratégia eleitoral em um cenário fragmentado e competitivo. O PT hoje governa poucos municípios em Pernambuco e busca recompor o protagonismo em cidades como Recife, Olinda e Petrolina.
Carlos Veras defendeu, em entrevistas recentes, que o PT mantenha o diálogo com outras forças progressistas. “Nosso objetivo é fortalecer o PT, mas também contribuir para uma frente ampla que derrote o bolsonarismo e o conservadorismo no estado”, afirmou. Fernando Ferro, por sua vez, critica essa linha. “O PT precisa recuperar sua autonomia política e voltar a ter identidade própria nos territórios”, declarou.
Confronto em Olinda
Se a questão parece resolvida nacionalmente e em Pernambuco, o mesmo não se pode dizer no terceiro colégio eleitoral do estado. Em Olinda, os senadores Humberto Costa e Teresa Leitão, medem forças a partir dos seus candidatos. Ninguém arrisca a apontar o vencedor. O clima está tão acirrado que o debate entre os dois principais candidatos – Helder Pires (aliado de Teresa) e Vivian Farias (ligada a Humberto) – acabou em confusão, com direito a acusações de agressão e queixa na delegacia. Os dois lados se acusam mutuamente pelo tumulto.
É nesse clima de instabilidade nacional e confrontos regionais que os petistas vão às urnas hoje. De acordo com a Comissão de Organização Eleitoral do PT, mais de 1 milhão de filiados estão aptos a votar neste domingo, entre 9h e 17h, em seções instaladas em diretórios zonais, municipais e estaduais em todo o país.
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