Investimentos em distribuição dependem da maturidade dos projetos, diz EPE

Terceira matéria da série Desafios da infraestrutura para a nova economia

Por Patrícia Raposo

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em seu mais recente Caderno de Estudos do Plano Decenal de Expansão da Energia 2034 projeta o crescimento no consumo de energia para negócios de hidrogênio renovável, principalmente o verde, e data center.

O cenário foi desenhado em 2023, quando haviam 09 projetos já maduros de hidrogênio por eletrólise no Brasil, que juntos somavam uma capacidade instalada de 35,9 GW até 2038. O pico atual de carga da região Nordeste, é de 16,22 GW. Em menos de um ano, os números cresceram. Atualmente, há no Nordeste 11 projetos de hidrogênio renovável com uma demanda de 45 GW. Para os data centers, a demanda é de 9 GW. Desses, apenas 1 GW será demandado pelo Sudeste.

O estudo observa os obstáculos para expansão da infraestrutura elétrica, como as sobrecargas em algumas linhas de transmissão e a necessidade de aprimorar a conexão entre diferentes regiões.

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em seu mais recente Caderno de Estudos do Plano Decenal de Expansão da Energia 2034 projeta o crescimento no consumo de energia para negócios de hidrogênio renovável, principalmente o verde, e data center.

O cenário foi desenhado em 2023, quando haviam 09 projetos já maduros de hidrogênio por eletrólise no Brasil, que juntos somavam uma capacidade instalada de 35,9 GW até 2038. O pico atual de carga da região Nordeste, é de 16,22 GW. Em menos de um ano, os números cresceram. Atualmente, há no Nordeste 11 projetos de hidrogênio renovável com uma demanda de 45 GW. Para os data centers, a demanda é de 9 GW. Desses, apenas 1 GW será demandado pelo Sudeste.

O estudo observa os obstáculos para expansão da infraestrutura elétrica, como as sobrecargas em algumas linhas de transmissão e a necessidade de aprimorar a conexão entre diferentes regiões.

Estudo da EPE vai mapear a capacidade do sistema na costa do Nordeste/Foto Freepik

As simulações da EPE indicaram limitações em pontos específicos da rede, especialmente nas linhas de transmissão de 230 kV em estados como Rio Grande do Norte e Paraíba. É no estado potiguar que onde a Petrobras irá implantar sua primeira planta-piloto para geração de hidrogênio renovável em parceria com o Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (Senai ISI-ER).

Além de servir à nova indústria do hidrogênio verde e à expansão dos data centers, a energia gerada no Nordeste precisa ser escoada para outras regiões do Brasil, principalmente o Sudeste.

Giovani Vitória Machado, economista, doutor em planejamento energético pela UFRJ e assessor da presidência da EPE, explica que o desafio é separar os projetos por grau de maturidade. “Se analisarmos cerca de 400 projetos de hidrogênio de baixa emissão anunciados pelo mundo nos últimos tempos, apenas 7% entraram em decisão final de investimentos e apenas 2% estão em construção ou operação”, ressalta.

Essa realidade global é refletida no Brasil, segundo a EPE. “Temos que separar os projetos por grau de maturidade. Isso faz toda a diferença, pois, se você desenha um projeto de transmissão com base no que está anunciado, pode haver problemas para o mercado devido à quantidade de projetos não maduros”, ressalta.

Giovani Vitória Machado, economista da EPE

Para Machado, é fundamental ter clareza dos investimentos para evitar um novo “Dia do Perdão”. Esse é o nome dado à Resolução Normativa (REN) 1065/2023 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que permitiu a rescisão amigável de contratos de uso do sistema de transmissão celebrados por geradores de energia renovável, a fim de conseguir a outorga para os seus empreendimentos.

“Cancelamentos de projetos de hidrogênio ao redor do mundo não são necessariamente algo ruim. Quanto mais realismo houver, mais tempo, capital e talento podemos concentrar onde realmente funcionarão. Precisamos discutir isso. O governo já fez sua parte com o marco regulatório”, sustenta.

Quem pagará a conta?

As indústrias de hidrogênio verde estão projetadas para a costa do Nordeste. O estudo da EPE vai mapear a capacidade do sistema na região. “Vamos diagnosticar a rede nos estados litorâneos e isso será divulgado em breve. Esse estudo vai avaliar o que o sistema pode acomodar”, explica Thiago de Faria Rocha Dourado Martins – Superintendente de Transmissão de Energia da EPE. O estudo deve ser finalizado até outubro do ano que vem.

De acordo com Martins, atualmente o sistema está preparado para receber entre 4 GW a 8 GW, considerando o cenário mais otimista. Ou seja, a rede elétrica já planejada pode acomodar a primeira fase dos projetos, que totalizam 45 GW. “Vamos fazer o planejamento da rede para suportar esses 45 GW? A resposta é não, pois nem todos os projetos possuem o mesmo nível de maturidade”, diz.

“Diante da demanda de 45 GW, é importante ressaltar que o pico de consumo do Brasil no sistema interligado é de 103 GW. No Nordeste, esse pico é de 16,5 GW. Portanto, estamos falando de plantas que consumirão três vezes esse volume no Nordeste” reflete Rafael Theodoro Alves e Mello, consultor técnico da área de Transmissão de Energia da EPE. Como parâmetro ele traz o exemplo do Reino Unido, onde o consumo total é de 53 GW. “Não há como um país estar preparado para receber essa demanda do dia para a noite, mesmo que o Brasil esteja à frente em termos de infraestrutura”, ressalta.

Sistema Integrado garante distribuição de energia entre as regiões/Foto: Agência Brasil

“Os investimentos na malha de transmissão ainda estão na fase de estudo. Não sabemos ainda o que precisa ser feito no Sistema Interligado, mas novas linhas precisarão ser construídas. Se a rede ficar sobrecarregada, será necessário investimento para viabilizar essa conexão”, reconhece Giovani Machado.

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