Negócios de data center prosperam no Nordeste, mas energia preocupa

Segunda matéria da série Desafios da infraestrutura para a nova economia

Por Patrícia Raposo

A região Nordeste vai precisar investir na infraestrutura de transmissão de energia não só para atender à nova indústria do hidrogênio renovável, principalmente o verde (H2V), mas a outro negócio que está acelerado na nova economia: os data centers.

O avanço na digitalização de processos, na Inteligência Artificial (IA) e na Internet das Coisas (IoT) vem ampliando o tráfego de dados e exigindo investimentos em data center. E energia é o seu principal insumo.

Em seu processo produtivo, o data center requer cargas robustas de eletricidade principalmente para refrigeração dos equipamentos. A Agência Internacional de Energia (IEA) calcula que atualmente esses centros de armazenamento de dados consumam aproximadamente 200 terawatts-hora (TWh) de eletricidade, o equivalente a aproximadamente 1% da demanda de todo planeta. Desta forma, os data centers respondem hoje por cerca de 0,3% de todas as emissões globais de CO2. E estão sendo cobrados a mudar sua matriz energética.

A região Nordeste vai precisar investir na infraestrutura de transmissão de energia não só para atender à nova indústria do hidrogênio renovável, principalmente o verde (H2V), mas a outro negócio que está acelerado na nova economia: os data centers.

O avanço na digitalização de processos, na Inteligência Artificial (IA) e na Internet das Coisas (IoT) vem ampliando o tráfego de dados e exigindo investimentos em data center. E energia é o seu principal insumo.

Em seu processo produtivo, o data center requer cargas robustas de eletricidade principalmente para refrigeração dos equipamentos. A Agência Internacional de Energia (IEA) calcula que atualmente esses centros de armazenamento de dados consumam aproximadamente 200 terawatts-hora (TWh) de eletricidade, o equivalente a aproximadamente 1% da demanda de todo planeta. Desta forma, os data centers respondem hoje por cerca de 0,3% de todas as emissões globais de CO2. E estão sendo cobrados a mudar sua matriz energética.

Data center: crescimento impõe pressão sobre o setor elétrico/Foto: Freepik

“Os negócios de data center estão em crescimento no mundo. No Brasil, não temos nem 50 data centers Tier III (de alto padrão de segurança). Só nos Estados Unidos são quase 1.800. O Nordeste, por deter uma matriz energética limpa, oferece todas as condições para se tornar um hub de data center no Brasil”, sustenta Rui Gomes, CEO da Um Telecom.

A velocidade da expansão desse setor preocupa o Ministério das Minas e Energia (MME). Em maio deste ano, as solicitações de acesso ao sistema de transmissão eram de 12 projetos de data center, representando uma demanda de 2,5 GW até 2037. Em setembro passado, segundo o MME, já eram 22 projetos registrados nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia. Um crescimento de 3,6 vezes no intervalo de apenas quatro meses.

Imagem gerada por IA no Adobe Firefly

“Hoje o Chat Gpt tem 10 milhões de acessos diários, enquanto o Google tem 3 bilhões de acessos. Quando o Chat Gpt tiver 1 bilhão de consultas, os data centers terão crescido na mesma proporção para acompanhar a demanda”, diz o CEO da Um Telecom.

A empresa de Rui Gomes está investindo R$ 41 milhões num data center Tier III no Recife, que entra em operação em 2025. Com três fases de expansão programadas, a unidade terá um custo final de R$ 150 milhões. O data center da Um Telecom será instalado a 1,5 km de uma subestação de energia, que tem 50 Megawatts (MW) de disponibilidade. Na fase inicial, vai consumir 3 MW, mas chegará a 5 MW na etapa final. A subestação tem espaço para crescer, a questão é se a rede do Sistema Interligado aguenta entregar o insumo.
Uma usina fotovoltaica da Um Telecom, situada em São Caetano (PE), que atualmente gera 0,5 MW, será uma das fornecedoras, mas a empresa já busca outros que entreguem energia 100% renovável.

Rui Gomes, CEO da Um Telecom/Foto: Divulgação

Concentração de Data Center

A grande concentração de data center no Nordeste está no Ceará. Fortaleza sedia a maioria deles devido à presença dos cabos submarinos que fazem da cidade um importante hub de conectividade global.

Estima-se que estejam em operação pelo menos uma dúzia de data center na capital cearense. O último foi inaugurado há uma semana. O investimento foi da V.tal, que em pouco mais de um ano, colocou seu segundo data center para funcionar, o Mega Lobster, uma estrutura mais robusta que o Big Lobster, que entrou em operação em fevereiro de 2023.

Outro data center deve ser inaugurado em 2025 na capital. Será o segundo de grande porte da Angola Cables em território cearense. Terá 960m² e ficará instalado na Praia do Futuro. As obras da primeira fase do empreendimento terão início no segundo semestre deste ano. O investimento será de mais de R$ 250 milhões, chegando a R$ 400 milhões até a conclusão, em 2025.

A Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice) vem trabalhando para ampliar esse mercado. “Nosso estado é hoje um dos mais conectados do Brasil. A ampliação do número de data centers faz parte deste esforço. O preparo na infraestrutura facilita a atração de novos investimentos nacionais e internacionais, gerando emprego, renda e melhoria destes serviços para a população”, declarou o presidente Francisco Barbosa, durante inauguração do data center da V.tal.

O Secretário do Desenvolvimento Econômico, Salmito Filho, também no evento, ressaltou que o estado está preparado para expansão desse setor. “O data center é parte de um ecossistema que se constrói no nosso estado. Temos energias renováveis abundantes, cabos submarinos que garantem a melhor conectividade das Américas e o data center é outra parte fundamental estratégica para se criar uma economia digital, a partir das energias renováveis, no Ceará”, disse.

“Avalio como risco essa concentração de data center numa só lugar. É uma questão de segurança nacional. Se acontecer uma catástrofe no Ceará como se viu em Porto Alegre, teremos sérios problemas com essa concentração. Precisamos desconcentrar a indústria de data center”, alerta Rui Gomes.

Secretário do Desenvolvimento Econômico, Salmito Filho

O plano de consumo de energia da empresa considerou os 750 hackers que serão instalados, com consumo individual de 5 kVa de demanda de energia. Considerou ainda a expansão da IA e IoT.  “Só o avanço da IA vai elevar o consumo por hacker para 20 kVA. Nosso projeto elétrico está dimensionado para isso”, sustenta o CEO.
Na terceira reportagem desta série, vamos entender como a EPE vem planejando o sistema elétrico para que ele opere sem interrupções nesta nova economia.

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