quinta-feira, 28/03/2024

A primeira fábrica de hidrogênio verde do Brasil começa a ser construída na Bahia

A primeira etapa da fábrica de hidrogênio verde da Unigel deve entrar em operação no final de 2023 no polo de Camaçari, na Bahia.
Fábrica da Unigel no Polo Industrial de Camaçari, na Bahia. É lá que vai ficar a primeira fábrica de hidrogênio verde do País. Foto: Divulgação/Unigel.

A Bahia saiu na frente na construção da primeira fábrica do País de hidrogênio verde, considerado o combustível do futuro. A empresa da área química Unigel deu início, no polo industrial de Camaçari, a construção da primeira fábrica deste combustível que vai demandar um investimento inicial de US$ 120 milhões (cerca de R$ 650 milhões, na cotação atual). A planta deve ter a sua primeira etapa concluída até o final de 2023, quando vai entrar em operação. Maior produtora de fertilizantes nitrogenados do Brasil, a Unigel fez uma parceria tecnológica com a líder mundial para eletrólise de alta eficiência da thyssenkrupp nucera, da Alemanha.

Mas por que a empresa escolheu a Bahia para a implantação do empreendimento ? “A Bahia tem várias vantagens. O polo tem infraestrutura de energia renovável, a própria empresa pode ser consumidora do hidrogênio e amônia verdes, Camaçari é um polo industrial consolidado e a companhia também opera um terminal privativo de amônia no Porto de Aratu”, resume o diretor executivo da Unigel, Luiz Felipe Fustaino. Num primeiro momento, a empresa vai usar o hidrogênio verde para fabricar a amônia verde. Os dois só são verdes se for usada energia limpa no processo de fabricação. A Unigel já tem uma parceria com a empresa Casa dos Ventos para a produção de energia eólica.

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A amônia verde pode ter dois usos. Primeiro, ser usada como combustível para diminuir as emissões de carbono no transporte marítimo. É também utilizada como matéria-prima na fabricação de fertilizantes e de acrílicos renováveis. “A amônia verde é uma forma mais fácil de armazenar o hidrogênio verde, que pode dar mais versatilidade ao uso da energia eólica e solar”, explica Luiz Felipe. Geralmente, a geração da energia eólica e solar tem que entrar na rede de distribuição elétrica logo depois de produzida, porque não é possível armazená-la.

O diretor executivo da Unigel, Luiz Felipe Fustaino, diz que o hidrogênio verde pode se tornar uma opção de descarbonização para várias indústrias. Foto:Divulgação/Unigel

Atualmente a empresa fabrica amônia tendo como matéria-prima o gás natural, que é um combustível fóssil. “Nós produzimos e consumimos amônia. Mas em breve, a nossa amônia vai ser carbono zero. Estamos partindo do princípio que a emergência das mudanças climáticas nunca foi tão óbvia. E isso vai provocar o amadurecimento de alguns mercados, como o crédito de carbono e o hidrogênio verde, que pode contribuir para a descarbonização de algumas indústrias”, conta Luiz Felipe.

Do total a ser investido na fábrica, uma parte será financiado. A empresa já teve acesso à uma condição de financiamento diferenciada por se tratar da implantação de um empreendimento verde. “O Nordeste está com a faca e o queijo na mão para ser uma referência global em hidrogênio verde”, comenta Luiz Felipe.

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Produção de amônia e hidrogênio verdes

Na sua primeira etapa, a fábrica terá capacidade de produzir de 10 mil toneladas por ano de hidrogênio verde que podem ser convertidas em 60 mil toneladas anuais de amônia verde. Ainda nesta fase, a Unigel adquiriu da thyssenkrupp três eletrolisadores com potência total de 60 MW de energia. Estes equipamentos são usados na produção do hidrogênio.

Na segunda fase do projeto, prevista para entrar em operação até 2025, a empresa deve quadruplicar a produção de hidrogênio e amônia verdes. Numa primeira estimativa, a empresa deve gerar 500 empregos, entre diretos e indiretos.

A intenção da empresa é oferecer os produtos da futura fábrica a clientes que encontram no hidrogênio verde e na amônia verde uma importante solução para a descarbonização. Entre as aplicações, o hidrogênio verde pode ser usado como matéria-prima na siderurgia e no refino de petróleo, e também como combustível para veículos diversos, além do uso da amônia por navios graneleiros e porta-contêineres, substituindo combustíveis fósseis.

A amônia verde também poderá ser utilizada para fortalecer o portfólio de produtos sustentáveis da Unigel, uma vez que é matéria-prima na fabricação de fertilizantes e acrílicos. Atualmente, a empresa produz 900 mil toneladas de amônia, das quais 800 mil toneladas são consumidas em duas fábricas da própria companhia, sendo uma em Camaçari e a outra na cidade de Laranjeiras, em Sergipe.

A Unigel nasceu em São Paulo, mas se desenvolveu e cresceu no polo de Camaçari, na Bahia. Ela produz estirênicos, acrílicos e fertilizantes nitrogenados com plantas na Bahia, Sergipe e São Paulo e uma unidade no México. A empresa fornece insumos utilizados na fabricação de produtos finais nos mercados de eletrodomésticos e eletrônicos, automotivo, tintas e revestimentos, construção civil, papel e celulose, embalagens, saúde e beleza, têxtil, mineração e agricultura, entre outros. A companhia tem 2 mil funcionários e apresentou um faturamento de R$ 8,5 bilhões em 2021.

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