quinta-feira, 28/03/2024

Murillo Torelli: Petrobras – empresa lucrativa que é um problema

Petrobras é a 11ª empresa com maior tamanho, mas possui a margem de lucro mais alta. Isso mostra que sua gestão tem uma boa eficiência.

Por Murillo Torelli

Com os constantes aumentos na cotação internacional do petróleo e a política de preços baseados no mercado internacional, a Petrobras vem sofrendo inúmeras críticas do Presidente da República (Jair Bolsonaro), e da oposição, sobre sua lucratividade e constantes aumentos nos preços dos combustíveis. Neste artigo questiono se realmente a empresa tem um resultado diferente dos outros produtores de gasolina no mundo e como isso é um problema para o governo federal.

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Murillo Torelli
Murillo Torelli

Dentro da base de dados de Capital IQ da S&P, selecionei as 15 maiores empresas produtoras de Petróleo e Gás, o critério de tamanho foi valor do Ativo do ano de 2021.
 

Como observado no gráfico, a Petrobras é 11ª empresa em tamanho de ativo e a única da América Latina entre as 15 maiores corporações de petróleo do mundo.

Para atender o questionamento da alta lucratividade, no próximo gráfico comparo a margem de lucro (em porcentagem) das 15 maiores empresas do setor, considerando os quatro últimos trimestres.
 

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A Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras é a 11ª empresa com maior tamanho, mas possui a margem de lucro mais alta. Isso mostra que sua gestão tem uma boa eficiência com dados positivos de aumento do lucro líquido, com distribuição de dividendos e redução do endividamento. Contudo, além do lucro na visão do Presidente da República e da oposição, a estatal também deveria ter uma função social, mas não é o que mercado busca, pois a empresa fez vários aumentos nos valores dos combustíveis e ainda deve fazer novos aumentos nos próximos dias, com alto risco de uma greve dos caminhoneiros que estão insatisfeitos com a elevação do valor do diesel.

Considerando essa elevada margem de lucro, a privatização da empresa com abertura de mercado para concorrentes não seria impossível, deixando de ser “uma monopolista” na área do refino do Brasil.

Hoje a estatal é um problema para o governo federal, que é pressionado pelos constantes aumentos dos combustíveis devido à decisão administrativa da Petrobras adotada em 2016 no chamado PPI (preço de paridade internacional), com o estatuto afirmando que, se a União decidir intervir e usar a empresa como um instrumento de política pública de acordo com o interesse segundo o qual foi criada, ela deve ser ressarcida por eventual prejuízo causado. 

A Petrobras indica ser realmente uma muito lucrativa e problemática para o governo, pois não consegue trabalhar nos preços práticos ou é usada para corrupção a favorecimentos de políticas públicas como nos governos anteriores.

Murillo Torelli é professor de contabilidade financeira e tributária no Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).

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