A futura planta de hidrogênio verde (H2V) que a empresa australiana Fortescue deseja instalar no Porto de Pecém passou por mais uma etapa no sentido da sua implantação. O projeto saiu da fase de pré-viabilidade para o de viabilidade recebendo, da diretoria da companhia, a decisão antecipada de investimento (EID). A decisão foi anunciada cinco dias depois da Câmara dos Deputados aprovar o Projeto de Lei 2803/23, conhecido como o marco regulatório do hidrogênio de baixo carbono.
A decisão antecipada de investimento significa que o empreendimento cumpriu os requisitos necessários em diversas áreas como as análises na área de engenharia, arquitetura financeira, redução de custos na implantação do projeto, entre outros.
Segundo o gerente regional de Relações Governamentais da Fortescue para a América Latina, Sebastián Delgui, agora serão acelerados alguns projetos que vão definir mais detalhes da planta, como estudos de engenharia, a definição da tecnologia a ser usada, como será o reuso da água, dessalinizadores, as definições para preparação da terraplenagem do terreno, entre outras.
Com os requisitos acima, o projeto vai ficar mais detalhado. “Todas essas questões vão passar pela decisão de investimento da diretoria da Fortescue, o que deve ocorrer em 2025”, resume Sebástian. O projeto tem uma previsão de investimentos que varia entre R$ 20 bilhões e R$ 25 bilhões, variação que pode ocorrer, dependendo da cotação do dólar.
A intenção da empresa é começar a construir a planta cearense no começo de 2026, caso o investimento seja aprovado, em definitivo, pela diretoria da Fortescue. A empresa já tem a licença ambiental da Agência estadual de Meio Ambiente do Ceará para fazer a terraplenagem do local onde a planta vai se instalar no Porto de Pecém.
“A aprovação do marco regulatório foi muito importante, porque vai dar certeza a essa indústria nova. É uma lei atenta ao que está ocorrendo na Europa”, comenta Sebástian. A Europa deve se tornar um dos grandes compradores de H2V. Depois da aprovação da Câmara, o PL 2803/23 segue para a sanção presidencial e, posteriormente, a sua regulamentação.
Ainda de acordo com Sebástian, o Brasil reúne “condições objetivas únicas que são fundamentais para a indústrias de H2V como disponibilidade de energia renovável, como a geração solar e a éolica localizadas no Nordeste; a infraestrutura de um sistema elétrico com uma boa capacidade de transmissão de energia; um mercado estabelecido de compra e venda de energia, o que é uma raridade”.
Sebástian diz que o projeto também conta com “Pecém, que é um porto que tem infraestrutura e que tem uma parceria com o Porto de Rotterdã, que trabalha para estabelecer um corredor de H2V, além de parcerias com o governo do Ceará e o acompanhamento do governo federal”.
Com o comunicado da decisão de investimento antecipada, a empresa informou que o Projeto Pecém está entre os prioritários do seu portfólio no mundo, alinhado com seu objetivo de descarbonização da indústria.
A companhia recebeu recentemente a autorização da autoridade ambiental do Estado do Ceará, a Semace, para iniciar as obras de preparação do terreno e espera anunciar em breve a data de início das obras de terraplenagem, que devem começar até o final deste ano.
Projetos globais da Fortescue
A Fortescue deseja ser uma das líderes da descarbonização do mundo, fazendo com que o H2V substitua os processos em várias cadeias produtivas que ainda emitem carbono, como as indústrias siderúrgica, a cimenteira, de fertilizantes, de produção de aço e a aviação, entre outros setores.
A empresa vai continuar avançando nos projetos Arizona Hydrogen, nos Estados Unidos, e Gladstone PEM50, na Austrália, que receberam decisão final de investimento na mesma reunião em que foi decidida a antecipação de decisão de investimento do projeto de Pecém. O projeto Holmaneset, na Noruega, também recebeu a decisão antecipada de investimento.
Ainda de acordo com informações da companhia, a Fortescue continua explorando possibilidades em seus projetos no Marrocos, Argentina, Nova Zelândia, Omã, Egito, Quênia, Noruega, Jordânia e Estados Unidos.
*Com informações da Fortescue
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