O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve chegar a 1,4% em 2022. A previsão foi divulgada nesta sexta-feira (8), no Informe Conjuntural do 2º trimestre, produzido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O percentual está perto da projeção de alta de 1,2%, de dezembro passado, antes da guerra entre a Ucrânia e a Rússia e do agravamento da pandemia da Covid-19 na China, que pressionaram preços e adiaram as expectativas de normalização das cadeias globais de produção.
Mas a nova previsão está acima da divulgada em abril quando esses fatores levaram a CNI a prever uma expansão da economia menor, de 0,9%. Segundo a Confederação, o primeiro semestre de 2022 tem sido marcado por um bom desempenho da atividade econômica no Brasil, com melhoria no mercado de trabalho e o aumento da demanda do setor de serviços.
De acordo com o gerente-executivo de Economia da a CNI, Mário Sérgio TellesA indústria registrou altas moderadas da produção ao longo do primeiro trimestre, pouco acima do previsto, com maior dinamismo em setores ligados a commodities. “Os dados do segundo trimestre disponíveis até o momento permitem esperar continuidade desse bom desempenho”, acredita o economista.
A CNI aponta uma série de impulsos para explicar o desempenho favorável da atividade econômica na primeira metade de 2022, destacando a recuperação do mercado de trabalho que “segue firme, com o emprego em elevação desde 2020, totalizando 97,5 milhões de pessoas ocupadas, maior ocupação desde o início da série, em 2012”. Segundo a entidade, o rendimento médio real do trabalhador também vem crescendo, a despeito da inflação elevada. “Revisamos nossa expectativa de taxa de desemprego média no ano, de 12,9% para 10,8%, e o crescimento da massa salarial real, de 1,4% para 1,6%”, diz nota divulgada pela CNI à Imprensa.
Para Mário Sérgio Telles, alguns fatores transitórios também contribuíram para um desempenho melhor no primeiro semestre: adiantamento do 13º salário para aposentados e pensionistas do INSS; liberação de saques do FGTS; retomada do pagamento do abono salarial; e aumento das transferências diretas de renda. A partir disso, a CNI revisou também as projeções para o PIB da Indústria e de Serviços.
Antecipação do 13º salário é bem vista pela CNI
Além do aumento da massa salarial, o setor de serviços também tem sido beneficiado pela normalização pós-pandemia de serviços ligados à mobilidade, elevando a projeção de crescimento de 1,2% para 1,8%. Já para a Indústria, apesar da continuação das dificuldades, a previsão do PIB industrial mudou de queda de -0,2% para alta de 0,2%. No caso da Agropecuária, a revisão foi no sentido inverso, com previsão de estabilidade (0%), ante alta de 1,3%. O recuo ocorre devido aos efeitos do clima adverso no início do ano para a soja, que foram mais intensos do que o previsto.
Selic deve encerrar o ano em 13,75%
Na maior parte do primeiro semestre, a inflação surpreendeu todo o mundo negativamente e, no Brasil, a CNI revisou para cima a previsão de inflação (IPCA) para 2022, que passou de 6,3% ao ano para 7,6% ao ano – mesmo considerando o significativo impacto da redução do ICMS de combustíveis (gasolina, diesel e etanol), energia elétrica, telecomunicações e transporte coletivo. Por isso, a taxa de juros Selic foi elevada para além das expectativas do primeiro trimestre, com a estimativa de mais uma elevação em agosto, que levaria a taxa para 13,75% ao ano até o fim de 2022.
Leia também: